Pai
É impressionante ver como mudou o papel do pai na família.
Hoje, é o Dia dos Pais.
Há seis anos perdi meu pai. Porém, ele já estava doente há anos, e quando íamos vê-lo já não era o meu pai que estava ali. Era a imagem dele, pois havia uma ausência. Ele não nos conhecia, não conversava, apenas superficialidades, palavras soltas. Desde esse momento, comecei a viver o luto por sua perda, mas não tive como não sofrer quando de fato ele partiu.
Impressionante essa história de morte. Sabemos que todos nós vamos morrer um dia, ninguém vai ficar para a semente. Todos recebemos uma senha quando nascemos, só não sabemos que dia a nossa senha será chamada. Mesmo assim, não conseguimos nos preparar para este momento de despedida. Somos egoístas, queremos quem amamos o maior tempo possível conosco. Porém, isso é impossível, então deveríamos aceitar melhor.
Porém, os bons momentos, as lembranças estão guardas na memória e no coração e isso ninguém tira. Por cinco anos trabalhei ao seu lado como sua secretária. Por alguns anos, meu pai trabalhou em São Paulo, por isso trabalhávamos muito aos sábados e domingos, o que nos aproximou mais. Mesmo depois que fui para a redação, costumávamos almoçar juntos para colocar o papo em dia.
Claro que tínhamos nossas diferenças, que puderam ser esclarecidas quando ainda estava lúcido. Porém, era um pai “a la” década de 60, 70. O foco principal era no trabalho, o pai provedor, o que tornava sua presença em casa coisa rara. Sentíamos sua ausência. Trabalhava muito e saía demais com os amigos à noite. Quem conheceu meu pai sabe como ele era sociável. Amava uma seresta, tanto que sempre tinha ao seu lado um bom violonista. Sua grande alegria foi no dia que entreguei um caderninho improvisado com a letra das principais serestas que ele cantava. Carregava para todo lado.
Mas tínhamos nossos momentos em família. Os almoços de domingo eram sagrados. Ele gostava muito do restaurante do Minas I, do Monjolo, Farroupilha, Automóvel Clube. Eu, menina, sempre pedia bife com batata frita, até que um dia ele me proibiu e exigiu que mudasse o cardápio. “Chega minha filha, você tem que aprender a comer outras coisas. Escolhe outro prato”. Ordem dada, ordem obedecida. Pedi camarão à grega, e desde então passei a provar todos os tipos de camarão que existiam em todos os restaurantes. Nunca mais ele reclamou.
Aos sábados nos levava ao Minas, por sinal, aprendi a nadar com ele na piscina do Minas. Íamos ao Pic, no Parque Municipal para andar de burrinho. Foi lá uma vez que na correria para pegar um burrinho tropecei em uma raiz de uma árvore e quebrei o dedo da mão. Acabei com o passeio da família. Íamos muito no Mangueiras, hoje, Parque Guanabara, onde tinha restaurante e até boliche. Passávamos férias em São Lourenço, Araxá, íamos para Setiba, Praia da Costa, Rio de Janeiro. Era divertido.
Hoje, quando vejo os pais, fico impressionada. São exemplares. Eles participam. Brincam, trocam fraldas, fazem o bebê dormir. Alguns têm mais paciência do que as mães, que hoje colocam uma babá para cada filho. Fico encantada. É como diz a propaganda, “não basta ser pai, tem que participar”. Meus sobrinhos são exemplares. Um deles está trabalhando em São Paulo. Quando chega sexta-feira em BH, passa o fim de semana inteiro grudado na sua filha. É lindo.
Que bom que os valores estão mudando e que os pais percebem que a dedicação aos filhos faze toda a diferença na formação desses, que serão o futuro. Parabéns aos pais, continuem se dando aos seus filhos cada vez mais, isso sempre fará muito bem a eles e vocês!
Isabela Teixeira da Costa