Psicopatia e política

Os psicopatas são mentirosos, sedutores e sem sentimentos. Uma das profissões que reúne muitos perfis psicopatas é a política.

Meu amigo Josafá Xavier Siqueira, psicólogo, escreveu um ótimo texto sobre psicopatas e políticos e decidi reproduzi-lo aqui, na íntegra.

Josafá Xavier Siqueira*
Você sabe o que é psicopatia? Ou melhor, o que é um psicopata? Do grego PSYKHÉ=alma e PATHÓS**=doença a junção das palavras leva ao significado de “doença da alma”.
Normalmente, dizemos que alguém é psicopata, mas não sabemos ao certo como descrever este comportamento. Psicopatas têm características claras, embora nem sempre facilmente identificadas, seja pela falta de embasamento ou porque muitas vezes nossa cultura valoriza e dá suporte às atitudes dos portadores deste transtorno.
Estes indivíduos possuem traços nítidos que possibilitam sua identificação, e são eles: egocentrismo, desonestidade,  ausência de sentimento de culpa ou remorso, insensibilidade, frieza e calculismo, mentiras  contumazes, megalomania, parasitismo social, manipulação, impulsividade, ausência de escrúpulos, irresponsabilidade, transgressão de regras sociais e, busca de interesse próprio.
O psicólogo canadense Robert D. Hare da Universidade da Colúmbia Britânica desenvolveu o teste chamado Psychopaty Checklist – Revised  (PCL-R), que em sua aplicação revela três grandes grupos de características que geralmente aparecem sobrepostas, mas que podem ser analisadas separadamente. São elas: 1) deficiência de caráter (sentimento de superioridade e megalomania), 2) ausência de culpa ou empatia e 3) comportamentos impulsivos ou delinquentes (incluindo promiscuidade sexual e furto).
Ao contrário do que se imagina, psicopatas nem sempre são violentos, e quase nunca manifestam o TPAS (Transtorno de Personalidade Anti Social). Normalmente são inteligentes e racionais e não desenvolvem uma psicose (perda de contato com a realidade).
Muito embora toda esta descrição de um comportamento psicopata nos ajude a entender o funcionamento destes indivíduos, existem duas características que não são exclusivas da psicopatia, mas que são usadas à exaustão por seus portadores: trata-se da sedução e encantamento.
Psicopatas são, na maioria das vezes, sedutores e encantadores, e são capazes de embriagar pessoas com suas palavras,  seduzir indivíduos e multidões com seu discurso sob medida, para com ele exercer controle e domínio. Aqui se revela a outra face da moeda: não existe sedutor sem o seduzido, e encantamento sem o encantado e o psicopata sempre acha lugar para agir, pois existe a nível inconsciente, ou mesmo consciente, o desejo por sua sedução.
No campo amoroso ou afetivo, é fácil perceber como a sedução e o encantamento produzem paixões arrebatadoras, e é difícil achar alguém que nunca tenha se encantado com o sedutor(a) mesmo a despeito de avisos que a percepção dos não seduzidos e não encantados, que insistem em nos trazer a realidade.
O mundo atual nos traz um campo de análise muito nítido e perceptivo sobre o comportamento psicopata e não só entre as nações, mas sobretudo no Brasil, ele se desenha basicamente no mundo político. Um olhar atento sobre alguns líderes mundiais hoje, nos leva a enxergar que algumas nações são claramente governadas por indivíduos com psicopatia evidente, e não apenas em nível de direção, mas também de outros, encastelados nas estruturas politico partidárias, no Executivo, e até mesmo no Judiciário. É obvio que no Brasil, a maior parte de políticos, dirigentes executivos, e membros do judiciário, não são psicopatas, mas é inegável que alguns claramente o são, e normalmente encontram facilmente espaço entre os seduzíveis e encantáveis para exercer seu fascínio e controle. Eles são como “Machos Alfa”, a conduzir seus rebanhos mambembes para seus currais emocionais ou eleitorais, oferecendo-lhes uma trilha ou direção aparentemente correta, a despeito do fato de que a maioria ficará à margem do caminho traçado e nunca alcançarão o que lhes foi prometido.
Que fique claro: psicopatas só sobrevivem em ambiente político por causa da despersonalização da sociedade, e da crença do messianismo destes personagens (é o que são: personas, atores) na sua capacidade de seduzir e encantar as multidões ou simplesmente dando a elas algum tipo de benesse, ou mesmo um sentimento de pertencimento. Seduzidos estão em todas as camadas e extratos sociais, desde os que labutam no dia a dia pela sua sobrevivência, mas até as elites empresariais, acadêmicas, artísticas e tantos outros segmentos da sociedade. Neste caso, a sedução e o encantamento se impõem ou pela convalidação, ou por um intrincado sistema de trocas. Podemos inferir que nas camadas menos instruídas da população, o psicopata seduz pela pseudo empatia, pela promessa de resgate, pelo sentimento de pertencimento e pelo acolhimento quase paternal. Na outra ponta, entre as classes mais instruídas e abastadas, o psicopata age dentro de um sistema de troca de favores e benesses, onde se cria uma necessidade e demanda para gerar gestos magnânimos de ajuda e facilitação, produzindo gratidão e fidelidade. E aqui, a beleza das belezas: sedutores seduzindo outros sedutores.
Hoje, alguns de nossos líderes políticos de todos os matizes ideológicos são claramente psicopatas pelas características claras de suas ações: são em grande parte mentirosos, megalômanos, manipuladores, parasitas econômicos (enriqueceram sem uma gota de suor), frios e calculistas, inescrupulosos, irresponsáveis, incapazes de sentir culpa ou remorso por suas ações e principalmente; ladrões. Não é preciso nomeá-los, pois são todos bem conhecidos.
Quanto aos psicopatas, sempre os teremos conosco, e a questão não é extirpá-los, mas em primeiro lugar, identificá-los, em seguida, enfrentá-los e desconstruí-los. É preciso que o véu do encantamento seja descortinado e pessoas tenham um “insight” sobre eles e sobre si mesmos. São como um câncer, e só crescem quando devidamente alimentados. Nosso país, além de uma limpeza geral tipo lava-jato, precisa fechar a fábrica de ração que alimenta a psicopatia que na maioria das vezes se encontra na própria sociedade e dentro de nós.

*Josafá Xavier Siqueira é psicólogo clínico

**Pathós significa, na verdade, paixão, excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento, assujeitamento, sentimento e ligação afetiva. O conceito foi criado por Aristóteles e apropriado por Descartes para designar tudo o que se faz ou acontece de novo é geralmente chamado (pelos filósofos) de pathos. E se o conceito está ligado a padecer, pois o que é passivo de um acontecimento, padece deste mesmo. Tal termo grego é utilizados como prefixos e/ou sufixos na composição muitas terminologias (como apatia, empatia, patogénese, psicopatia, telepatia, etc). Observação: Pathos não significa doença, mas tem sido usada para abordar a temática ultimamente.

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O prazer em fazer o mal

Foto arte Olly reprodução de www.sott.net
Foto arte Olly reprodução de www.sott.net

Tem gente que é perversa, pode ser doença, mas acho que os atos são conscientes.

Fico impressionada como tem gente que tem o prazer de fazer o mal aos outros. Como são manipuladoras e dissimuladas. Muitas vezes passamos anos a companhia dessas pessoas e não percebemos quem elas são.

Acho que a primeira vez que fui apresentada a um perfil parecido foi na novela Caminho das Índias, com a personagem psicopata vivida por Letícia Sabatela. Para quem assistia a novela e via a personagem por completa ficava pensando como ninguém percebia quem ela era, como as pessoas conseguiam ser tão bobas assim. Porém, isso é totalmente possível.

As pessoas que querem usar das outras são sedutoras, tem a arte de mentir e a dominam como ninguém. Mentem com tanta naturalidade que ninguém percebe ou imagina que estão mentindo. Os amigos as defendem com unhas e dentes pois as consideram as melhores pessoas do mundo e ficam indignados quando alguém ameaça falar algo contra elas. Só caem em si, quando se tornam vítimas.

Quem já as conhece acaba sendo vítima em suas mãos. Chantageiam, gritam, ameaçam de tal forma que a pessoa se sente presa a elas, como se tivessem um poder dominante que coloca a outra com sentimento de culpa se não ajudar. A pressão é tão grande que a vítima chega a adoecer enquanto a opressora consegue tudo o que quer e fica lépida e fagueira vivendo a vida numa boa.

Conheço uma pessoa assim. Sei do estrago que já fez na vida de várias pessoas, já ouvi contar várias de suas mentiras e a cada uma fico mais espantada com a sua criatividade. Cada um fala o que quer mesmo, resta ao outro acreditar ou não.

Me disseram que isso é perversidade. Não sei se é, não sou psicóloga nem psiquiatra, a única coisa que eu sei é que quem faz esse tipo de coisa, sabe direitinho o que está fazendo. Não entrou em um surto psicótico, não está ouvindo vozes e obedecendo seus comandos. Nada disso, age de caso pensado para alcançar objetivos preestabelecidos.

Por exemplo, precisa de um emprego, então inventa cursos e trabalhos que não fez, experiências que não teve, e, como mente muito bem, tira de letra as entrevistas. Se precisa de dinheiro para comprar algo que quer muito, ou até mesmo fazer uma viagem – para ver que não precisa ser uma coisa essencial –, inventa até doença para quem acha que pode lhe dar o dinheiro. Isso mesmo, dar, porque não tem a menor intenção de pagar.

Pessoas assim falam mal de todo mundo, fazem intriga inventando coisas sobre os outros. Criam verdadeiros infernos do nada, tudo inventado, e fico imaginando que depois ficam sentadas assistindo de camarote o circo pegar fogo, às gargalhadas. Já vi gente assim destruir uma família inteira. Temos que ficar espertos e alertas para não nos tornarmos vítimas.

Isabela Teixeira da Costa