Imagens pesadas de cunho erótico não devem ser liberadas para o público em geral por receberem o nome de arte. Artes plásticas deveriam ser classificadas como os filmes.
Não queria entrar nessa discussão de arte que se abateu sobre o país, porque seria mais uma leiga a palpitar sobre o assunto, já que não sou entendedora de arte. Claro que tenho minha opinião. Porém, li um artigo escrito pelo jornalista Alexandre Garcia que achei de tamanha propriedade que decidi dar minha opinião e reproduzir o texto de meu colega a seguir.
Fiquei chocada com a exposição feita pelo Banco Santander em Porto Alegre, no mês de agosto, aberta ao público em geral, com obras que promoviam blasfêmia contra símbolos religiosos e faziam apologia à pedofilia e à zoofilia. As cenas de sexo eram grotescas e chocantes. Foram tantos protestos – graças a Deus – que cerca de 30 dias depois o banco cancelou a exposição. Esta exposição foi terrível.
Em outubro, outra exposição causou polêmica, no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo. O artista Wagner Schwartz manipula uma réplica de plástico de uma escultura da série e se coloca nú, entregue à performance artística, convidando o público a participar. A apresentação foi na estreia do 35º Panorama de arte Brasileira, tradicional bienal, aberta a visitantes, com uma sinalização sobre a nudez na sala.
O que vejo de muito errado nisso tudo é a livre visitação. Querem mostrar imagens obscenas, mesmo que seja como “arte” (cada um tem um conceito e não entro nesse mérito, apesar de eu não gostar), que seja em sala fechada, com limite de idade, tipo permitido para maiores de 18 anos. O mesmo deveria ter sido feito na abertura da exposição do MAM. Não foi, simplesmente informaram que havia nudez.
Não sei de que maneira e qual o tamanho do aviso, mas uma coisa é certa, a criança que estava lá dentro não entrou sozinha, estava acompanhada de sua mãe e pelas imagens a mãe não me pareceu desavisada. Não estava surpresa e nem assustada. Entrou com a filha sabendo o que encontraria ali dentro e ainda deixou ou estimulou (não sei, o que ocorreu, mas foi o que li) a filha a tocar no artista. Se ela estava certa ou errada? Vai da opinião de cada um, eu acho errado, acho que dá margem para muita coisa que lutamos para evitar.
Leiam agora o texto do jornalista Alexandre Garcia:
Nossas crianças
“O volante Gabriel, do Corinthians, foi suspenso por dois jogos por causa de gesto obsceno feito para a torcida do São Paulo. Ele pusera a mão sobre a parte da frente do calção, entre as pernas. Fico me perguntando se seria arte, na mesma cidade, quando aquela mãe induziu a filhinha a tocar num homem nu deitado no chão. Em Jundiaí, a alguns quilômetros dali, um pai de 24 anos foi preso por estar fumando maconha no carro de vidros fechados, com seu bebê de uma semana deitado ao lado. Fico me perguntando por que estava aberta para crianças uma exposição em Porto Alegre que mostra um negro com o pênis de um branco na boca, enquanto outro branco o penetra por trás. A mesma exposição tem uma ovelha sendo violentada por duas pessoas, enquanto uma mulher pratica sexo com um cachorro. Não entendi porque isso estava num museu, aberto a crianças, e não numa casa noturna de shows de esquisitices sexuais e restrito a adultos.
Tampouco entendi a performance de um homem nu que esfrega num ralador uma imagem de Nossa Senhora. Em São Paulo, alguém que pensa que somos idiotas explicou que o homem nu é arte interativa com o corpo humano. Ora, arte com o corpo humano é o que a gente vê, e aplaude, no Cirque du Soleil. E a Veja, de que sou assinante, deve pensar que abandono meus neurônios ao abrir a revista. Comparou as garatujas da exposição de Porto Alegre a Leda e o Cisne, de Leonardo. Como piada, eu poderia acrescentar, no mesmo tom, que deveriam convidar o tarado ejaculador em ônibus para mandar uma foto a ser exposta entre as semelhantes manifestações de “arte”. As pinturas murais artesanais eróticas em Pompéia têm um significado histórico que o mau-gosto do tal museu não tem.
Tudo bem, eu não gosto, mas há milhões de gostam. Respeito. Só não aprovo, como cidadão, que abram as portas para as crianças se chocarem com essas agressões. Que limitem a adultos. Aprendi que arte é beleza, tem padrão estético, tem perfeição técnica, dá prazer intelectual. Há quem pense que arte é escatologia, agressão, garatujas ou até uma tela pintada de branco. Como disse Affonso Romano de Sant’Anna: “arte não é qualquer coisa que qualquer um diga que é arte, nem é crítico qualquer um que escreva sobre arte”.
No Peru, o povo encheu as ruas de Lima para exigir a retirada de doutrinação de crianças em assuntos sexuais no ensino público. E ganhou. Nas ruas, defenderam que as crianças são educadas pelos pais e parentes. No Senado brasileiro, excelentes senadores, como Ana Amélia (RS) e Magno Malta (ES) estão convocando os responsáveis por tais exposições a explicarem em CPI onde não estão agredindo o Estatuto da Criança e do Adolescente e qual o objetivo de envolverem crianças nos seus estranhos experimentos.”
Isabela Teixeira da Costa