Precisei de novos documentos e me senti no primeiro mundo.
Desta vez realmente eu me surpreendi. Sábado passado, me aprontei para ir à final do Torneio Feminino de Tênis, campeonato que as mulheres tenistas de BH fazem beneficiando uma das creches ajudadas pela Jornada Solidária Estado de Minas, da qual sou coordenadora. Por causa disso, sempre vou à festa de encerramento, uma deliciosa feijoada no Serra Del Rey Country Club.
Quando fui trocar de bolsa, enquanto pegava dinheiro, cartões e documentos não encontrei, a carteira com o documento do meu carro e minha carteira de habilitação. Fiquei doida. Procurei nas bolsas que usei recentemente – sendo que não troco de bolsa, morro de preguiça, uso uma até ela acabar –, e nada. Comecei a buscar na minha memória quando tinha pegado no documento pela última vez. Lembrava de um casamento, em 15 de outubro. Peguei a carteira do documento do carro e coloquei nela dinheiro e cartão de crédito, para caber na bolsa de festa.
Tinha certeza que, chegando em casa tinha retirado tudo da bolsa, guardado cartões e dinheiro em minha carteira normal – porque está tudo lá –, e era para o documento do carro estar dentro da minha bolsa. Nada. Olhei dentro do carro, na casa toda e nada.
Pedi socorro à minha amiga Sandra, para ir comigo ao encerramento do tênis. Quem tem amigos não passa aperto. Sandra me fez companhia e ‘choferou’ para mim o sábado todo, e de lambuja ainda me levou ao jornal para ver se não tinha esquecido a carteirinha na minha sala. Também não estava lá.
É impressionante como é a “ignorância”. Andava para baixo e para cima de carro, sei lá há quantos dias, numa boa, despreocupada, porque não sabia que os documentos não estavam comigo. No momento que descobri a perda, na mesma hora abandonei o carro, como se uma tarja luminosa acendesse na minha testa para todo mundo ver, informando que estava desabilitada. Não sei como tem gente que anda sem carteira, tranquilamente, na maior cara dura.
Enfim, estava enrasca. Na quarta-feira, feriado, tinha que ir para Santa Luzia ver minha mãe, mas sem carteira de motorista e sem documento do carro não poderia ir. Sabia que era impossível conseguir a segunda via em dois dias, mesmo assim fui tentar. Segunda entrei no site do Detran para ver se tinha alguma multa – tinha –, tirei o boleto, e paguei.
Dali por diante não sabia mais o que fazer e lembrei do super despachante Aquino. Liguei para ele, enviei foto da multa paga, do documento antigo do carro e às 17h ele me retornou dizendo que já estava com a 2ª via do documento do carro. Levei um susto tão grande. Pensei que levaria pelo menos uns dez dias.
Quando telefonei para o Aquino, ele me orientou como preencher o pedido da 2ª via da carteira marcando a retirada no Posto do Uai, na Praça Sete. Paguei a taxa na segunda e na terça, às 16h30, busquei minha nova carteira. E não esperei nem cinco minutos para minha senha ser chamada. Gente, o que está rolando no serviço público?
Serviço público? Nem tanto. O Posto do Uai é terceirizado. Uma infinidade de pessoas atendendo, nada de funcionário público. Todo mundo trabalhando, educado, mais de 50 guichês em cada setor, e todos eles funcionando. Não aguentei e perguntei para moça que me atendeu como conseguiam tamanha agilidade e na maior naturalidade ela respondeu: “É agora tudo está interligado. Quando a senhora paga no banco, imediatamente chega o aviso no Detran, que imprime a nova carteira e manda para cá. A carteira da senhora chegou hoje pela manhã”.
Me senti no primeiro mundo.
Isabela Teixeira da Costa