Família Martini mostra mitos sobre os vinhos e mostra que muita coisa que acreditamos é bobagem.
Não entendo muito de vinhos, ou melhor, não entendo quase nada de vinhos porque não bebo nenhum tipo de bebida alcoólica. Sei o nome de alguns bons vinhos tintos para comprar quando preciso servir em minha casa. Mesmo assim, sempre que preciso pergunto para meus irmãos Regina e Camilo que são apreciadores e melhores conhecedores.
Quando organizo um jantar profissional, com já foi o caso de festas mais sofisticadas da Jornada Solidária Estado de Minas, recorro a amigos entendidos e a sommeliers, para que façam a harmonização com os pratos preparados pelo chef.
Recebi, recentemente, de meu amigo Lúcio Costa, um grande apreciador desta bebida, um material sobre os mitos do vinho, escrito pela família Martini que achei bem interessante e decidi publicar. Para quem não sabe, os Martini trabalham com vinho há três gerações. O patriarca Agostino Martini, no ano de 1896, veio da Bologna, na Itália, trazendo na bagagem muitos sonhos de recomeçar a vida no Brasil. O primeiro negócio iniciado por ele foi a fábrica de Massas Alimentícias Martini, no início de 1900.
A tradição dos vinhos começou quase 50 anos depois, quando seu filho Arthur fundou a Casa do Vinho. Atualmente, a empresa está sob o comando de Armando Martini (filho do fundador Arthur). Ao lado da esposa Vera e dos filhos Luiza e André. Luiza é uma excelente sommelier.
Segundo os Martini, nem tudo o que se ouve sobre vinho é verdade. Devemos estar atentos para não sermos enganados por lendas e mitos a respeito do vinho.
1 – Quanto mais cara a garrafa, melhor
Paladar é pessoal e intransferível e gosto pessoal não se mede com cifras. Vinhos de uma faixa mais alta de preço podem ser melhores que muitas “pechinchas” suspeitas, mas um vinho
inacreditavelmente caro pode ser tão bom quanto outro que não arrombe sua conta bancária.
2 – Quanto mais pesada a garrafa, melhor o vinho (ou quanto mais elaborado o rótulo, melhor)
É isso mesmo que os departamentos de marketing querem que você pense. Mas o que importa não é a garrafa e sim o que está dentro dela. Antes de beber não dá pra saber se o vinho é bom. Tome como exemplo os maiores e mais conhecidos vinhos, como Bordeaux ou Borgonha. As garrafas são boas e simples. Os rótulos não são chamativos, extra coloridos ou elaborados.
3 – Vinho tinto deve ser bebido com carnes vermelhas e brancos, com peixe
Essa é uma regra bem geral, mas não absoluta. A harmonização depende de muitos outros fatores além da cor dos ingredientes. É preciso analisar o “peso” dos sabores e aromas do prato, o método de cocção, os molhos, guarnições e muito mais coisas além da cor.
4 – Os vinhos melhoram com a idade
Ao contrário, a maioria é feita para ser bebido jovem. Quem ganha com o tempo são os vinhos de guarda que são mais raros e caros. Vinhos de guarda precisam ser produzidos com essa intenção e não é qualquer lugar que tem uvas, métodos e até mesmo vontade de produzir vinhos de guarda. Para muitos produtores é melhor, mais econômico e lucrativo fazer vinhos para consumo imediato.
5 – Existem vinhos para homens e vinhos para mulheres
Bobagem, muita, muita bobagem!
O que existe são vinho para principiantes e vinhos para quem já tem experiência. Paladar não tem gênero e evolui da mesma forma. Normalmente quem está começando a beber vinhos prefere os mais leves, adocicados e fáceis de beber. Com o tempo e a prática o paladar evolui e deixamos de gostar dos vinhos mais fáceis, partimos para os mais complexos, tânicos e difíceis.
Algumas regiões, como a Borgonha, produzem vinhos frequentemente descritos como “femininos” mas o termo nada tem a ver com o gênero de quem vai beber os vinhos e sim com sua complexidade.
6 – Vinho de misturas de uvas não são bons
Outra bobagem. O corte, blend ou assemblage visa melhorar os vinhos. O que falta em uma uva pode ser complementado com outra e assim criar um vinho equilibrado. É como uma orquestra. Um piano solo pode ser lindo, mas uma música que inclua outros instrumentos pode ser ainda melhor.
7 – Vinhos “Reserva” são melhores
Depende do país de origem. A expressão pode ser usada em alguns países que possuem leis que regem a produção e ter diferentes significados que vão desde o tempo de madeira até teor alcoólico. Ou pode também ser usada por produtores de países que ainda não possuem leis no setor apenas para atrair o consumidor incauto.
Isabela Teixeira da Costa