Viajar sozinho não é para qualquer um, a pessoa tem saber se divertir a sós e curtir a viagem. Descobri que viajar sozinho tem vantagens e desvantagens.
Sempre admirei minha amiga Sandra Botrel por ter prazer em viajar sozinha. Ela curte a viagem, não deixa de fazer nada e acaba fazendo amizades. Eu nunca me imaginei fazendo isso. Sou uma pessoa extrovertida, não tenho muita dificuldade em conversar com quem não conheço, apesar de ser bem tímida também – antagonismo –, porém sempre fiquei pensando que graça teria passear sozinha, ver as coisas bacanas e bonitas e não ter com quem comentar. Foi exatamente isso que experimentei nessa viagem.
Como disse, viajei “sozinha”, entre aspas mesmo, porque fui sozinha, fiquei sozinha, mas tinha vários amigos e conhecidos que também tinham ido para o mesmo lugar. Então, em alguns momentos fiquei em turma e em outros, fiquei sozinha. Percebi que viajar sozinho tem vantagens e desvantagens.
A primeira desvantagem, como disse mais acima, é não ter com quem comentar o que se vê, se experimenta, se vive. A segunda é fazer fotos. Adoro estar nas fotos das viagens que faço mas sou péssima em selfs. Na maioria das fotos estou com cara de boba, sem saber pra onde olhar e com pescoço de tartaruga, esticado tentando encaixar meu rosto em algum canto da tela. E olha que minha filha me emprestou sua GoPro, que faz fotos como se fosse lente olho de peixe, ou seja, pega tudo. Ainda não vi as fotos porque meu conhecimento tecnológico é tão pequeno que não sei ainda como passar para o notebook.
Essa mania de estar nas fotos apareceu quando fui à Argentina e Uruguai. Tinha uns 15 anos. Naquela época foto era com a máquina portátil Kodak, com filme de 36 poses – que era caro, tanto o filme quanto a revelação –, e tínhamos que escolher o que fotografar. Tirei muita foto de paisagem, que eram lindas. Anos depois, quando fui mexer nos meus álbuns, aquelas fotos ficaram sem graça. Onde estavam as pessoas? Meus amigos de viagem, eu? Como eu estava naquela época? Senti como se tivesse perdido um pedaço da minha história e desperdiçado a viagem. Quando vejo uma foto com pessoas, sempre me lembro do momento, é como se ganhasse vida e reavivasse as lembranças. Foto em viagem agora, só comigo nela, mas em viagem sozinha isso é difícil, porque as fotos ficam horríveis.
A vantagem de estar sozinha é que as manotas que você dá, ninguém fica sabendo, a não ser que você resolva contar. Como disse ontem, aluguei um carro e por inexperiência – nunca tinha dirigido na Europa –, não quis o aparelhinho de pedágio pago, portanto, toda vez que saía de Cascais para ir para qualquer outro lugar passava pela “postagem” (nome de pedágio em Portugal). Uma das vezes não tinha nenhuma cabine com cobrador, tudo bem, pensei que era para colocar as moedas e o bilhete sairia, mas não tinha lugar para colocar moedas. Fiquei olhando para o painel com cara de pateta. Tinha apenas um espaço para inserir um cartão, que eu não tinha. Tive que apertar o botão de interfone, e o atendente me explicar que eu deveria apertar o botão verde (não tinha botão colorido estava totalmente descascado) que sairia um cartão e eu deveria apresentar em um posto mais adiante. Tudo esclarecido, mas tive que aguentar muita buzina atrás de mim. Segui em frente.
Outra vantagem de viajar sozinha é não ter que esperar ninguém. Você faz o que quiser, na hora que quiser, no seu tempo. Se estiver com amigos, terá que esperar a turma acordar e aprontar e isso poderá demandar muito tempo, porque cada um tem o seu ritmo. Para falar a verdade isso não me incomoda muito. Eu continuo preferindo viajar acompanhada. Os momentos que estive nesta viagem com meus amigos foram, sem dúvida nenhuma, bem melhores do que meus momentos a sós.
Invejo a Sandra.
Isabela Teixeira da Costa