O mosquitinho conseguiu trazer de volta mais uma doença: a febre amarela.
Enquanto a população não se conscientizar de verdade que o pouco que cada um pode fazer é muito no combate ao mosquito Aedes Aegypti, não conseguiremos ficar livres desse mosquitinho listrado que transmite dengue, zika, chikungunya. Mais uma doença que mata e estava praticamente extinta do nosso país, voltou com força total e está tirando o sono de muita gente.
Diferente do que aconteceu em 2016, quando houve surto de zika vírus, este ano a preocupação das autoridades de saúde é com o chikungunya. As duas doenças, assim como a dengue, são transmitidas pela picada do mosquito Aedes Aegypti.
Além disso, São Paulo e Minas Gerais enfrentam casos de febre amarela silvestre, doença infecciosa, de curta duração e gravidade variável. Neste caso, os vilões são mosquitos do tipo Haemagogus e Sabethes. Na cidade, a doença é transmitida pelo Aedes Aegypti. O Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas que moram ou têm viagens planejadas para áreas silvestres, rurais ou de mata verifiquem se estão vacinadas contra a febre amarela.
A vacina passa a fazer efeito após um período de dez dias. Quem já tomou duas doses, está imunizado para o resto da vida
Os sintomas da febre amarela são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.
Em ambas as situações, é importante usar diariamente um bom repelente. Existem inúmeras opções disponíveis no mercado, mas, para maior proteção e segurança, os repelentes feitos à base de icaridina são os mais indicados já que oferecem ação prolongada, por até 7h.
Para evitar a proliferação do mosquito:
Evitar água parada;
Sempre que possível, esvaziar e escovar as paredes internas de recipientes que acumulam água;
Manter totalmente fechadas cisternas, caixas d’água e reservatórios provisórios tais como tambores e barris.
Furar pneus e guardá-los em locais protegidos das chuvas;
Guardar latas e garrafas emborcadas para não reter água;
Limpar periodicamente, calhas de telhados, marquises e rebaixos de banheiros e cozinhas, não permitindo o acúmulo de água;
Jogar quinzenalmente desinfetante nos ralos externos das edificações e nos internos pouco utilizados;
Drenar terrenos onde ocorra formação de poças;
Não acumular latas, pneus e garrafas;
Encher com areia ou pó de pedra poços desativados ou depressões de terreno;
Manter fossas sépticas em perfeito estado de conservação e funcionamento;
Colocar peixes barrigudinhos em charcos, lagoa ou água que não possa ser drenada;
Não despejar lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos, mantendo-os desobstruídos;
Manter permanentemente secos, subsolos e garagens;
Não cultivar plantas aquáticas;
Colocar areia nos pratinhos de plantas.
Abaixo, Julinha Lazaretti, bióloga com pós-graduação em Imunologia e diretora de Pesquisa e Desenvolvimento de produtos, respondeu algumas dúvidas frequentes com relação ao uso do produto. Confira:
Como funciona o repelente? Ele repele devido ao cheiro?
Sim os repelentes agem formando uma “nuvem” de odor repulsivo aos insetos.
Tenho que passar de quanto em quanto tempo?
Como a eficácia depende de muitas variáveis, o ideal é que se use na frequência do menor tempo indicado no rótulo, pois os testes são feitos em ambientes controlados, diferente do que encontramos no dia a dia. Para os repelentes com icaridina, o ideal é que reaplique a cada 7 horas nas temperaturas abaixo de 30ºC e a cada 4 horas nas temperaturas acima de 30ºC.
Existe um horário do dia que preciso dobrar a atenção e não ficar sem repelente?
Cada inseto possui um hábito diferente do outro. O Aedes Aegypt, por exemplo, tem o hábito de se alimentar mais ao amanhecer ou ao entardecer e costuma agir a meia altura, ou seja, nas pernas de um indivíduo em pé.
Sobre usá-lo por cima da roupa, até que ponto isso é necessário? O mosquito pode picar por cima da roupa?
Existe uma polêmica sobre este assunto. Alguns especialistas afirmam que os mosquitos podem picar por cima da roupa sim, portanto, na dúvida é recomendado o uso do repelente sobre a roupa também, principalmente as que possuem tecidos com tramas mais largas, por onde o inseto possa picar.
Como deve ser usado em relação ao protetor solar, hidratante e maquiagem?
Os repelentes de icaridina devem sempre ser usados por último, pois sua ação se dá pela vaporização do princípio ativo que forma uma “nuvem” sobre a pele e assim repele os insetos. O ideal é que seja utilizado 15 ou 20 minutos após a aplicação de outro produto (protetor solar, hidratante ou maquiagem).
Como o repelente deve ser aplicado (em quais partes do corpo) e qual a sua durabilidade na pele?
O repelente deve ser aplicado uniformemente nas áreas expostas do corpo. Vale ressaltar que sua ação só é observada muito próxima ao local aplicado, por isso é muito importante que a aplicação seja uniforme. Para evitar a inalação direta do repelente, nas partes altas do corpo como braços, colo, pescoço e rosto, recomenda-se que a aplicação do spray seja feita primeiro na mão e depois espalhada nestas regiões.
A repelência em testes variou em torno de 7 horas, mas esta eficácia depende da temperatura ambiente já que quanto mais alta menor o tempo de repelência. É recomendado que a gestante, por exemplo, reaplique no máximo três vezes ao dia com intervalos de 4 horas. É muito importante utilizar outros métodos de proteção como ficar longe dos focos de mosquito e o uso de roupas compridas. Sempre antes da utilização de qualquer produto a gestante deve consultar seu médico para que ele faça uma avaliação e recomende a melhor dosagem e cuidados.
O uso diário desse tipo de repelente durante toda a gestação pode acarretar em quais problemas para a mãe e para o bebê?
As grávidas devem evitar qualquer tipo de repelente caseiro, pois além de não terem passado por nenhum tipo de teste de segurança como os comercializados podem não ser eficientes, deixando a grávida exposta aos riscos de contaminação pelo Zika.
Os repelentes de mercado são obrigados a passar por testes de segurança e são avaliados pela Anvisa. Os à base de icaridina podem ser utilizados em crianças acima de 2 anos e portanto são os que conseguem oferecer a melhor eficiência com menor risco. Embora este tipo de repelente já seja usado há mais de 20 anos na Europa e venha apresentando excelentes resultados e baixíssimos riscos, não há testes realizados em grávidas, por isso o uso deve ser criterioso e acompanhado pelo obstetra.
Isabela Teixeira da Costa