Seis em cada dez consumidores têm dificuldades para fazer o controle de ganhos e gastos mensais.
Por incrível que pareça, metade dos brasileiros não faz orçamento familiar. Para falar a verdade, eu sou um deles. Não consigo ser organizada financeiramente. Não sigam o meu exemplo. Quero deixar claro que estou aprendendo com este artigo.
A pesquisa anual de Educação Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) procurou entender o consumidor brasileiro e como ele se relaciona com os compromissos financeiros, e porque não consegue administrar corretamente seu dinheiro no dia a dia. Os dados revelam que muitas pessoas entendem a importância de certas práticas financeiras adequadas, mas nem sempre conseguem aplicá-las na sua rotina diária e que apenas metade dos entrevistados (51%) afirma fazer um controle sistemático do orçamento.
A maioria dos entrevistados faz anotações em caderno ou agenda, 15% têm planilha no computador e 4% aplicativo no celular. Praticamente seis em cada dez entrevistados têm alguma dificuldade para fazer o controle dos ganhos e gastos. Segundo a pesquisa, dos 51% que conseguem controlar os gastos, 95% registram gastos com mantimentos, higiene, água e luz. Em contrapartida, 48% não faz um controle efetivo de seus ganhos e gastos.
De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, a realidade é que muitas pessoas não enxergam o controle como algo prioritário. “É necessária uma mudança na maneira como as pessoas encaram sua vida financeira, entendendo que o controle adequado é fundamental para alcançar o equilíbrio. Assim, os consumidores irão entender que honrar os compromissos, constituir reserva, concretizar planos e sonhos de consumo e se preparar para a aposentadoria desde cedo são atitudes muito importantes”, explica.
O estudo mostra também que 49% dos entrevistados na maioria das vezes conseguem pagar todas as contas no final do mês e ainda têm alguma sobra financeira, independente se é para algum gasto pessoal (28%) ou investimento (21%). Outros 35% conseguem honrar todos os compromissos, mas sem sobra financeira e 11% admitem que nem sempre conseguem pagar as contas e algumas vezes precisam fazer muito esforço para administrar o dinheiro.
A pesquisa mostra ainda que 73% dos consumidores estabelecem metas e as seguem para conquistar algum sonho, mas, por outro lado, 27% não conseguem fazer isso.
Quando o orçamento não é suficiente para honrar os compromissos no mês, a principal atitude dos entrevistados é mudar alguns hábitos de consumo, comprar coisas mais baratas e fazer pesquisas de preço para economizar (47%), enquanto 30% fazem cortes no orçamento, como em gastos no supermercado e TV por assinatura e 24% fazem uso da reserva financeira.
Os brasileiros não adotam muitas práticas de economia. A maioria acha importante fazer pesquisa de preço, porém menos da metade faz isso com frequência. Mais de 70% acham importante juntar dinheiro, mas menos de 30% têm essa atitude. E mesmo achando importante pechinchar, poucas pessoas fazem isso. Ir mais longe para comprar mais barato é outra medida que apenas uma minoria faz, bem como trocar as marcas dos produtos por outra mais barata.
“Colocar em prática, rotineiramente, as atitudes mais assertivas em relação ao uso do dinheiro para a condução de uma vida financeira equilibrada é um hábito que deve ser construído aos poucos, com disciplina e perseverança”, explica o educador financeiro. “É necessário adquirir conhecimento e informação sobre juros, inflação, preços e parcelamento, dentre outros, além da disposição para economizar tanto nas compras mais significativas quanto nas despesas básicas do dia a dia”, conclui José Vignoli.