Coach Milena Klein aprendeu a conviver com diabetes desde a infância, superou com esportes e se redescobriu na gestão corporativa.
Toda mãe se desespera quando descobre que a filha pequena está diabética. Tive uma cunhada que descobriu a filha diabética com cerca de 5 ou 6 anos. Não foi nada bom. A pequena teve que usar uma bolsinha que injetava insulina automaticamente de tempos em temos. Hoje já é moça feita e aprendeu a conviver muito bem com a doença.
A outra foi uma colega de trabalho e amiga. Acompanhei sua gravidez, nascimento da filha e também foi uma comoção quando sua filha, ainda criança teve diabetes. Hoje é uma moça linda, inteligentíssima e a doença não a impede de fazer nada. O importante é não deixar de fazer o tratamento.
A coach de gestão corporativa, Milena Klein, também teve que aprender desde cedo a conviver com o diabetes. Mas o que poderia ser um limitador se tornou combustível para enfrentar os desafios da vida. Rafael Pulla da Rosa, monitor do grupo de escotismo cristão do qual Milena fez parte quando jovem acompanhou sua vida, todas as dificuldades e superações que ela enfrentou.
“Milena sempre foi uma menina alegre e sorridente, usava uma chuquinha e estava sempre correndo. Era uma menina hiperativa, corria demais, andava demais, estava sempre atrás de uma nova aventura ou alguma coisa que a desafiasse. Desde a infância se destacou nos esportes. Jogava futebol com os meninos, era uma das poucas meninas que eram escolhidas primeiro, inclusive na frente de alguns meninos. Nós jogávamos alguns esportes norte-americanos, como baseball e algumas variações do futebol americano, e ela também se destacava”, lembra Rafael.
No início, não foi fácil para Milena entender as mudanças que estavam acontecendo em sua vida por causa do diabetes. “Ela precisou se tratar com medicamentos, porque o pâncreas parou de funcionar. No início ficou muito revoltada. Acredito que essa revolta foi uma atitude comum, porque qualquer ser humano que leva uma vida saudável e de uma hora para outra contraí uma doença que precisa usar medicamentos para o resto da vida, é natural que revolte com a situação. Um tempo depois, no próprio hospital onde fazia o tratamento, Milena conheceu alguns jovens atletas que também dependiam de insulina, foi aí que começou a enxergar uma esperança. Toda a revolta se tornou motivação para uma nova caminhada, uma nova vida. Foi nesse período que iniciou a caminhada da Milena para ser uma desportista completa, inclusive participante de competições de triatlo, como Ironman. Como era superativa e praticou esportes, obteve sucesso. Com muita batalha, começou a se destacar e a vencer. Isso ajudou na superação, na estima pela doença, e também para provar esse gosto pelo poder, o que a levou a viver uma vida melhor do que ela vivia antes do problema de saúde”, conta Rafael.
Com espírito de vencedora e uma nova visão sobre a doença, Milena inicia sua vida adulta de forma plena. “Começou a ajudar em algumas áreas, conversando com crianças. E foi crescendo nas competições Ironman, conseguiu patrocinadores, ingressou na faculdade de educação física, conheceu o marido, também diabético. Posso dizer que o encontro do casal foi providencial, eles construíram uma vida e cresceram juntos. Porém, Milena sofreu um acidente durante um treinamento que resultou em uma fratura na coluna. Neste tempo de afastamento obrigatório, ela começou a pensar em outras possibilidades que não fossem apenas a vida desportista. Usou esse tempo para investir na leitura, pensamentos e meditação. Já que ela sempre relatou dificuldade em ficar parada, conseguiu, mesmo que obrigatoriamente, este tempo para enxergar novas perspectivas, e soube transformar as dificuldades em oportunidades para uma vida melhor, tanto pessoal quanto profissionalmente”, conclui.
Isabela Teixeira da Costa