Descobri que nós, mineiros, cantamos errado o bordão depois do Parabéns a você.
Já disse aqui, em uma de minhas crônicas, que temos um grupo das primas Almeida Teixeira da Costa no WhatsApp. Somos mais de 60 mulheres tricotando todo dia. É divertidíssimo, sem contar que nos uniu mais, principalmente porque muitas de nós moram em outras cidades e até mesmo em outros estados.
Algumas nem se conheciam pessoalmente, e até hoje não se conhecem. Há quatro anos conseguimos fazer nossa primeira Teixeirada, uma festa que reuniu os descendentes dos meus avós paternos, Branca e Álvaro Teixeira da Costa, e este ano fizemos a segunda. Na primeira reunimos pouco mais de 300 parentes e este ano foram quase 400. Uma delícia só. A festa começa às 9h e termina a meia noite, assim mesmo porque poucos conseguem ficar de pé, de exaustão. Porque bebida não derruba Teixeira com facilidade. Porém, passar o dia de pé, dançando e conversando – está aí uma coisa que gostamos de fazer –, cansa bastante.
Foi entre as duas festas que uma de nossas primas, Maria Hardy Rocha, teve a feliz ideia de criar o grupo. Bombou. No primeiro fim de semana trocamos mais de 3 mil mensagens. Claro que o grupo tem que ficar no silencioso e nem todo mundo consegue acompanhar. Geralmente pedimos a resenha dos assuntos quando perdemos as conversas, mas é muito bom. E a turminha é pra lá de engraçada.
Já contei aqui, outro dia mesmo, que tenho duas irmãs, a Regina e a Camila. Camila é advogada das boas. Ótima profissional, séria competente e de coração grande. Parte do seu tempo de trabalho dedica a beneficência.
Camila é uma peça rara. Linda, animada, engraçada. É uma boa mistura de sua mãe e do nosso pai. E como quem herda, não rouba, puxou dele a animação e o gosto por festas. Não perde um furrupa.
É participante do grupo das Primas do WhatsApp e vez ou outra posta no grupo algumas curiosidades. Hoje, publicou um texto que encontrou explicando como surgiu o tão cantado bordão pós Parabéns a você. E foi aí que descobri que nós, os mineiros, falamos o tal versinho errado. Provavelmente, algum outro estado também cometa o mesmo erro, porém, os paulistas cantam certinho,
Algumas de nossas primas moram em São Paulo, quando leram o post da minha irmã comentaram logo, admiradas: “Gente, sempre estranhamos aqui em São Paulo, achando que eles cantavam errado, na verdade, os errados somos nós… kkkkk”
Vamos à história. O bordão cantado depois do Parabéns a você nasceu no Ponto Chic, nos anos 1930. Foi fruto de uma mistura de palavras de ordem comum entre os estudantes de Direito do largo do São Francisco. “É pique, é pique” era uma saudação ao estudante Ubirajara Martins, conhecido como pic-pic porque vivia com uma tesourinha aparando a barba e o bigode pontiagudo.
“É hora, é hora” era o grito de guerra no Ponto Chic. Os estudantes eram obrigados a aguardar meia hora por uma nova rodada de cerveja – era o tempo necessário para a bebida refrigerar em barras de gelo. Quando dava o tempo, eles gritavam: “É meia hora, é hora, é hora, é hora!”.
“Ra´tim-bun” refere-se a um rajá indiano chamado Timbum que visitou a faculdade e cativou os estudantes com a sonoridade do seu nome.
Nunca soube dessa história. Vivendo e aprendendo. E a gente aqui, por essas bandas, cantando “é big, é big”. Não acredito que vamos mudar, mas pelo menos agora, saberei qual é o certo e não vou estranhar quando ouvir “é pique, é pique”, e nem tentarei corrigir ninguém, dizendo que o nosso jeito é que é o correto. Sabendo como eu sou, provavelmente faria isso e passaria o maior carão.
Isabela Teixeira da costa