Chá de aeroporto

As companhias aéreas dispõem dos passageiros dando desculpas que nunca conseguiremos saber o que realmente é verdadeiro. Apesar dos direitos ainda ficamos à sua mercê.

Há alguns dias atrás uma amiga fez uma viagem curta. Foi brindar o aniversário de uma amiga querida. Nesta época de vacas magras e com muitas opções de sites que oferecem passagens aéreas com desconto, lembro dela me contando de sua saga para escolher o melhor custo benefício em termos de passagem aérea.
Seu destino era Goiânia. Viajaria em uma sexta-feira, com pretensão de retornar no domingo à noite. Olhou de todos os sites existentes, no site das companhias aéreas e no novo maxmilhas. Decidiu, depois de uma pesquisa, que o melhor trajeto seria a ida com uma escala e a volta direto. Comprou a ida em uma empresa, dessa forma a passagem era casada, já que todo o percurso, inclusive a escala eram com a mesma companhia.
Como é empresária e a empresa depende de seu trabalho, precisou trabalhar na sexta-feira pela manhã e por isso saiu correndo para o aeroporto, pois precisava estar lá às 14h. Já tinha feito o check in antecipado – facilidades da tecnologia moderna –, e como não teria que despachar bagagem, foi direto para o embarque. Chegando lá ouviu chamarem seu nome no alto falante. Levou aquele susto, estranhando o ocorrido já que estava dentro do horário. Chegando ao balcão o rapaz informou que o voo estava atrasado e portanto havia grande chance de ela perder a conexão, por isso eles a tinham transferido para outra cia aérea, e que era para se dirigir para lá e se apresentar.
Lá foi ela e ficou sabendo que seu voo sairia às 18h, com escala em Brasília e chegaria em Goiânia às 21h45. Ou seja, um dia de chá de aeroporto. E do nada ganhou up grade para espaço confort. Quando ela me contou o caso fiquei matutando o por quê de tamanha generosidade de outra empresa, já que eles estavam quebrando o gralho da concorrente. Aí tem. Sinceramente, não confio em ninguém, acho que o voo original estava com overbook e eles deram esse “tomé” nela.
Por isso, nunca é demais relembras os direitos que temos com relação às empresas de aviação. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), os atrasos de voos são considerados um dos maiores problemas enfrentados pelos viajantes. As causas são diversas: tráfego aéreo, problemas técnicos, condições meteorológicas ou até mesmo o próprio passageiro, quando realiza o check-in, despacha as bagagens, mas não comparece no embarque. De acordo com a ANAC, os passageiros devem ser informados a cada 30 minutos sobre o status dos voos e, em caso de cancelamento, a informação deve ser dada imediatamente. Conforme o tempo de espera, as empresas devem oferecer, gratuitamente, assistência material (acesso à internet, telefone e alimentação por meio de voucher, por exemplo).
Quando o atraso ultrapassa quatro horas, é obrigação da companhia aérea oferecer reacomodação (em caso de pernoite no aeroporto), reembolso integral e outra mobilidade de transporte ao passageiro, conforme escolha do passageiro. Conferir o site da companhia aérea e o e-mail cadastrado para verificar se não houve alterações nos voos, chegar com antecedência ao aeroporto e se atentar aos painéis informativos são algumas medidas que podem evitar atrasos por parte do passageiros. Também é recomendado optar por voos diretos. Caso não seja possível, é importante que a haja um tempo adicional entre voos, o que ajuda a reduzir a possibilidade de perder o embarque do próximo trecho.

Isabela Teixeira da Costa

Coluna publicada no caderno EM Cultura do Estado de Minas

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