O perigo mora em casa
Acidentes domésticos são a maior causa de morte de crianças no país.
Várias publicações e matérias publicadas nos principais veículos de comunicação do país, impressos e televisivos, informam dos riscos de acidentes domésticos, tanto para a as crianças quanto para os idosos. Hoje, vou falar das crianças.
Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes domésticos são a principal causa de morte de crianças de até 9 anos no Brasil. São cerca de 4,6 mil crianças que morrem por ano em decorrência desses acidentes, e no mundo todo o número chega a 830 mil.
De acordo com a pediatra Flávia Nassif, simples cuidados podem reduzir em até 90% a incidência desses casos.
São descuidos tão comuns e banais, que coisas que fazem parte da rotina que não percebemos o perigo que eles causam às crianças. Uma tomada sem proteção, material de limpeza em um armário de fácil alcance e fácil de abrir, quinas desprotegidas, banheiro molhado, janela aberta. Todas são situações comuns na casa de qualquer pessoa, mas extremamente perigosas.
A médica afirma que uma criança não pode ficar sozinha em hipótese alguma, por mais rápido que seja. O perigo está em todo lugar. “Os locais de maior risco são a cozinha, o banheiro, a escada e o quintal, nessa ordem”, informa. E dá uma dica básica para os pais: “coloquem-se na altura da criança para ver os objetos que estão ao alcance dela”. Entre esses objetos, estão até mesmo as cadeiras, sofás e banquinhos, que podem levá-las a utensílios que estão mais no alto ou às janelas que, sem proteção, são extremamente perigosas.
Na cozinha, Flávia recomenda que sejam usadas as bocas do fogão de trás e que os cabos das panelas estejam virados para dentro e para a parede. Objetos cortantes como facas, tesouras, estiletes, etc, devem ser guardados em gavetas e armários com travas. Assim como os materiais de limpeza, que não devem, em hipótese alguma, parar nas mãos das crianças.
No banheiro, medicamentos e cosméticos não devem ficar à mostra. As tampas dos vasos sanitários devem ser mantidas fechadas. Não deixe o chão molhado e use tapetes antiderrapantes que evitam quedas, que podem ser fatais.
Para a casa, de uma forma geral, a doutora explica que é preciso tomar cuidado com fiação, tomadas, janelas, plantas tóxicas, objetos de vidro e móveis com quinas. “Manter a casa iluminada e organizada, já é um bom começo para evitar acidentes”, acrescenta.
Os primeiros-socorros em caso de acidente doméstico também ajudam a salvar vidas. No caso de quedas, é preciso verificar se a criança está consciente e se a respiração ou os batimentos cardíacos apresentam alteração. Se ela tiver sonolência ou lentidão de raciocínio, é melhor levar a um pronto-socorro.
Se tiver cortes, lave com água e sabão para evitar contaminação. Com sangramento, não colocar gelo, o correto, segundo a pediatra, é comprimir ou apertar o local com um pano para estancar.
Queimaduras leves podem ser tratadas com água em temperatura ambiente. Mas se formar bolha, é o caso de se dirigir ao hospital.
Por incrível que pareça, balde com água também é risco. Por isso é importante ter sempre um adulto de olho na criança. O bebê de um conhecido se afogou, porque foi brincar e mexendo em um balde com água, caiu de cabeça dentro dele. Não conseguiu sair e não tinha um adulto do lado. Uma tragédia.
Piscina é outro grande risco. Quando estava na faculdade, tive uma colega e uma professora que perderam seus filhos afogados. Os dois estavam com 2 anos. Um dos acidentes foi durante um churrasco. Todos em torno da piscina e ninguém viu. Bastam alguns segundos para que algo terrível aconteça, por isso, todo cuidado é pouco.
Melhor do que tratar é evitar. É melhor evitar do que remediar. Evitar que acidentes aconteçam não é difícil e salva vidas.
Isabela Teixeira da Costa