Família dá um jeitinho em tudo

Meu primo Maurício Paiva
Meu primo Maurício Paiva

Nada como casos antigos da família.

Ontem, fui levar meu carro para dar uma revisada na oficina do meu primo Maurício Paiva, mais conhecido entre a família como Mu. Enquanto esperava o rapaz ver se tinha algum problema, ficamos conversando. Estou impressionada com a memória que ele tem. Parece um computador de última geração.

Maurício é mais velho do que eu e viveu muita coisa. Cresceu em Sete Lagoas, só veio para BH quando já era um rapaz. Vinha bastante visitar a família e gravou em seu HD tudo o que viveu. Foi contando casos de meus tios e sabia do ano que cada coisa ocorreu. Fiquei pasma.

Um dos casos que ele me contou foi da formatura do nosso primo Gute no Colégio militar. Tia Linda, que era casada com meu tio Gegê fez um lanche para comemorar a formatura e convidou os sobrinhos. Segundo Maurício, Gute estava com o peito cheio de medalhas e seu irmão Tati tinha apenas uma. Pelo visto Tati não estava muito satisfeito com tamanha diferença.

Veveco, nosso primo que Mu chama de Álvaro Mariano – acho que é única pessoa da face da terra que chama ele assim –, garantiu ao Tati que daria um jeito na falta de medalhas. Na esquina morava um português, que a filha estava de tititi com outro primo, o Betinho. Veveco não teve dúvida, entrou na casa do portuga, passou a mão em várias medalhas e levou para o Tati. Na entrega disse: “problema resolvido primo, agora estão iguais”.

Meu irmão Renato
Meu irmão Renato

Não sei como terminou, se o português deu falta das condecorações e correu atrás do prejuízo, ou se Tati continuou com seu acervo arranjado, só sei que Veveco resolveu o problema e Mu só armazenando mais um caso da família.

Outro caso que me contou foi do meu irmão Renato. De acordo com Mauricio foi em 1976, e ele já tinha a sua oficina mecânica Interlagos. Pela data deve ter sido mesmo, porque tínhamos mudado para a Serra há cerca de um ano. Renato ligou para ele dizendo que estava na Rua Palmira, virou a Rua Estevão Pinto e trombou em três carros parados. Mu não se aguentou, riu muito da barbeiragem e orientou meu irmão a acionar o seguro para consertar os três carros, e que ele arrumaria o dele para não ter que pagar franquia.

Meu pai ficou encarando o Renato por dias sem falar nada sobre sua proeza ao volante. Como ambos trabalhavam no jornal, sempre que se cruzavam pai dava aquela olhadinha de soslaio. Renato ficava no maior aperto vendo a hora que o caldo ia entornar. Depois de alguns dias, pai chamou o Renato na sua sala. Pronto, tinha chegado a hora e com certeza pai daria um belo esculacho.

Renato entrou na sala esperando o pior e ouviu a seguinte pérola do nosso pai: “Você tem que treinar dirigir tonto para ficar mais seguro”. Fala vinda de sua longa experiência, já que era chegado num golo. Fico imaginando a reação do meu irmão. Deve ter caído na gargalhada e provavelmente os dois acabaram saindo para tomar uma juntos.

Isabela Teixeira da Costa

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