A empresa da minha vida

Tenho orgulho de ser jornalista e trabalhar há 41anos no jornal Estado de Minas, casa onde aprendi a ser uma profissional séria, ética, responsável e feliz.

Meus colegas do Parque Gráfico, que imprimiram o caderno especial dos 90 anos do EM

O jornal Estado de Minas completou 90 anos na quarta-feira. É difícil descrever a emoção que senti e estou sentindo até hoje, afinal, desses 90, estou aqui há 41. O jornal foi meu primeiro trabalho, entrei aqui aos 16 anos e não saí mais. Isso sem contar as inúmeras vezes que fui ao jornal ou ao Palácio do Rádio (prédio onde fica a TV Alterosa), quando ainda era criança, visitar o trabalho do meu pai. Desde que nasci esta empresa faz parte da minha vida e quanto orgulho e prazer eu tenho disso.

Não esqueço quando meu pai, Camilo Teixeira da Costa, na época diretor executivo do grupo, me trouxe para trabalhar meio horário como secretária dele. Recebia mesada, nada formal, A desculpa era que estava sem secretária, só com a chefe de gabinete, e o trabalho era grande. Precisava de alguém de confiança até que a empresa contratasse outra profissional. Mas o motivo real era o fato de eu estar namorando um rapaz que ele não aprovava muito. Claro que aceitei o convite e comecei a trabalhar. Amava o que eu fazia e isso influenciou grandemente nas decisões do rumo da minha vida. A jogada dele não deu certo porque continuei com namora, mas ganhei um emprego.

Poucos meses depois, o diretor geral, Pedro Aguinaldo Fulgêncio, me contratou. Foi aqui que aprendi a ser uma profissional, séria, comprometida, responsável. De secretária fui para a redação como diagramadora, depois me tornei repórter e passei por várias editorias e setores da empresa. Minha trajetória profissional foi grande aqui dentro. Fiz muitos amigos.

Fui precursora em várias coisas: a primeira mulher repórter de polícia do Estado de Minas – no Dops eles me chamavam de Kate Marrone, em alusão a um seriado da época –, a primeira diagramadora a fazer páginas no computador, quando o jornal começou a ser informatizado, passei pela unificação das empresas do grupo.

Quem trabalhou aqui, ou trabalha concorda com uma coisa, essa empresa é uma cachaça, quem entra não quer sair e tem prazer no que faz. Mesmo com problemas, dificuldades, crises, correrias, amamos esta casa. O aniversário foi comemorado no dia certo e da forma certa: internamente, afinal, temos que celebrar com quem faz a empresa. Foi um dia inteiro de festas, com todos os funcionários alegres, orgulhosos de uma data tão especial.

Com cada pessoa que conversei ouvi uma história mais linda do que a outra sobre a relação com a empresa. Uma colega, que retornou recentemente para cá, me disse cheia de orgulho que quando saiu e foi procurar emprego perdeu uma vaga porque na entrevista de emprego elogiou tanto o Estado de Minas e tudo o que alcançou no período que trabalho aqui, que a entrevistadora disse que precisava de alguém que vestisse a camisa de lá, e a dispensou. Outro colega, esse mais das antigas, não se esquece que entrou para o jornal convocado por um diretor logo após a morte de seu pai, ex-funcionário. Foi trabalhando aqui que conseguiu comprar sua casa própria, formar seus dois filhos, casá-los, enfim, fazer a sua vida.

Não existe uma pessoa sequer, que tenha passado por aqui, ou que ainda esteja na empresa que não tenha um caso de muita gratidão para contar. Isso é de orgulhar qualquer instituição. Completamos 90 anos com corpinho de 18. Temos tradição, lastro, credibilidade, história, mas temos futuro. Estamos em todas as mídias, ao alcance de todos, desde os mais velhos aos mais jovens, levando a informação com responsabilidade e competência. Somos um jornal feito por uma equipe de primeira e por isso mesmo não podemos deixar de registrar, de todas as formas, uma data tão importante. A data foi dia 7, mas teremos um ano inteiro para celebrar este aniversário. Parabéns Estado de Minas, que venham mais 90 anos!

(O Portal Uai lançou o Megafone, podcast com jornalistas das casa contando histórias da empresa. O primeiro é com a Anna Marina e já está no ar. Ouçam clicando aqui.)

Isabela Teixeira da Costa

Crônica publicada no caderno EM Cultura do Estado de Minas

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