A arte de vender
Vender não é para qualquer um.
Saber vender é um talento, um dom, ou você tem ou não tem e pronto. Quando entramos em uma loja fica claro quem sabe e quem não sabe vender. Um grande problema é que com a crise, quem fica desempregado, normalmente vai para vendas e se frustra, porque nem sempre consegue bater as metas.
Eu não tenho a menor aptidão para venda. Quando falo isso, ninguém acredita, mas é a mais pura verdade. Posso ser muito boa para divulgar as coisas, faço uma propaganda danada, mas vender… Sou um fracasso.
Se estiver na porta de uma festa, alguém rasgar o vestido e eu for a única pessoa no mundo que tiver uma agulha e uma linha, não consigo vender. Provavelmente vou emprestar ou trocar, mas vender, não vendo. Incompetência total.
Ontem, eu e minha amiga Sandra fomos ao shopping terminar as compras de Natal. Presentes para minha mãe dar para as bisnetas, irmão, cunhada, etc. Preferi ir primeiro na maior loja de brinquedos que tem por lá. Fiquei impressionada porque estava vazia. Logo veio um rapaz muito gentil nos atender. Disse a idade das meninas e ele foi logo dizendo que para a referida idade o ideal eram jogos e nos conduziu para o setor.
Os jogos interessantes eram muito caros. Aí, fui me lembrando de alguns brinquedos que sabia que as meninas gostam e todos que eu perguntava, não tinha. Decidimos ir para a outra loja. Estava cheia. Ficamos olhando sozinhas, pesquisando preço. Do nada chegou um vendedor, perguntou se já tínhamos sido atendidas, dissemos que não. Ele se colocou à disposição. Falamos a idade das crianças e na hora ele já falou qual o brinquedo era o sucesso do momento. Aquele que estava bombando na mídia.
Sabe aquele vendedor que entende do riscado, não é chato, não quer empurrar brinquedo, mas sabe orientar? Ele era assim. No final lembrei que tinha que comprar mais um presente para a cartinha de natal de uma criança da escolinha que a igreja ajuda. Pois ele foi a um lugar e foi tirando caixas e caixas de bonecas, até alcançar uma em especial, que estava escondida. Uma boneca legal, com preço bom, ideal para o que eu queria.
Quanta diferença entre os dois vendedores. Não é à toa que uma loja estava cheia e a outra, apesar de maior, vazia. Depois, fomos na Brooksfield e o rapaz era uma simpatia só. Elegante, de bom gosto e soube ajudar.
Há pouco tempo, andei pelo centro procurando uma TV. Fui a uma daquelas ruas que tem todas as lojas de eletrodomésticos, uma do lado da outra. Bati perna, fui a todas elas porque queria uma TV com várias especificações pré-determinadas. Não importava a marca, desde que tivesse tudo aquilo que queria, inclusive o pvr ready, que é um sistema de gravar no computador, via USB, o programa que quiser – não sei se funciona com transmissão de programação a cabo ou só de TV aberta, espero que sim.
Achei uma nas Casas Bahia, que tinha tudo, porém o pvr não estava especificado nos detalhes técnicos. A vendedora não sossegou. Ligou para a assistência técnica e disse que tinha, que estava na página 36 do manual. Queria ver. Só tinha a TV na outra loja, fomos até lá. Quando abrimos a caixa, o manual só tinha umas 8 páginas. Ela ficou desesperada, não queria perder a venda de jeito nenhum. Fiquei até com dó. Ligamos novamente para assistência técnica, porém dessa fez quem falou fui eu e o moço me confirmou que não tinha a tal função. A moça ficou numa frustração. Há muito tempo não via uma vendedora tão empenhada, já estava quase comprando outra coisa só para ela ganhar comissão.
O atendimento faz toda a diferença.
Isabela Teixeira da Costa