Férias escolares

As férias escolares são um bom momento para os pais passarem mais tempo com os filhos, e isso deve ser aproveitado ao máximo.

Quando eu era criança e adolescente as férias escolares eram ótimas. Primeiro, porque serem maiores, e segundo, porque não precisávamos ficar trancados dentro de casa já que não existia tanta violência.

As aulas acabavam por volta do dia 25 de novembro e só retornavam em março. Eram três meses curtindo a vida, e no meio do ano tínhamos o mês de julho todinho para nós. Morávamos no centro da cidade, e era possível sair e passear à vontade, sem riscos. E como por lá tinham muitos cinemas, aos 10, 11 anos ia para a matinê assistir todos os filmes que estavam passando. Naquela época não existia lugar marcado e podíamos assistir sessões seguidas. Era exatamente isso que eu fazia. Se meu fusca falasse, Noviça rebelde e os clássicos da Disney eram os meus preferidos. Depois ia lanchar no Teds, que ficava ao lado do Cine Jacques (hoje, Shopping Cidade), que ficava em frente ao nosso apartamento.

Bolinha de gude praticamente desapareceu

Além dos filmes, brincava muito de boneca, jogávamos queimada na garagem do prédio e brincávamos na casa dos vizinhos, afinal, os pais não tinham três meses de férias, então, viajar, era só em janeiro. Tinha que ter diversão nos outros meses. Mas em janeiro, era um mês inteiro com a família: pais, irmãos, tios e primos. Delícia pura.

Hoje, as coisas estão mais difíceis. Não dá mais para brincar na rua e passear sozinho quando é novo demais. A violência e o movimento da cidade impedem isso. E como a vida é corrida demais, no dia a dia os pais não conseguem dedicar muito tempo para os filhos, então, o ideal é aproveitar as férias. Segundo o psicólogo Leonardo Abrahão, “as férias escolares são oportunidades maravilhosas para que os pais invistam, de forma criativa, planejada e preventiva, na saúde emocional dos seus filhos, e, consequentemente, na saúde emocional da própria família. É a oportunidade para que a família perceba, mais claramente, o quão funcional ou desfuncional está a sua organização em termos emocionais e de relacionamento entre os seus membros. Para isso, antes mesmo de as férias chegarem, os responsáveis pelas crianças devem se organizar para aproveitarem essa oportunidade.”

Para isso, duas dicas de Leonardo Abrahão:

  • Os pais devem tentar diminuir os seus ritmos de trabalho para que possam investir em momentos especiais junto aos filhos, “fugindo da rotina” e garantindo uma presença real e com qualidade afetiva junto às crianças;
  • Os pais devem procurar aprender formas de se brincar com as crianças, formas que envolvam elementos, materiais, recursos, situações e experiências lúdicas que contribuam para a expressão corporal, emocional e intelectual dos seus filhos e de si mesmos. Em verdade, trata-se de se compreender que o exercício da maternidade e da paternidade são exercícios garantidores de cuidados com os filhos e produtores de memórias afetivas na psicologia das crianças – condições que, em se tratando da saúde mental e emocional de todos e da família, atuam como poderosos agentes psicoeducativos e psicopreventivos.

Isabela Teixeira da Costa

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