Pare de viver em guerra com seu corpo
Regime restritivo não é saudável. Mude sua mente e sua atitude.
Sempre vivi no efeito sanfona, sei bem que isso não é nada agradável. Por outro lado, tenho um primo que conseguiu emagrecer mais de 25 quilos, na maior tranquilidade, comendo de tudo. A única coisa que ele fez foi diminuir a quantidade das coisas que comia. Nunca mais repetiu as refeições e passou a servir menos do que servia antes. Penso que esta é a melhor maneira de emagrecer, sem se privar de nada. Pelo visto, é exatamente como Sophie Deram pensa. Já falei da linha de pensamento dela aqui uma vez. Hoje, explico mais um pouco, porque vejo como é importante.
Oscilar de peso várias vezes no ano passou a ser visto como algo normal, porém, o corpo não entende isso como normal. O normal de um ser humano que se alimenta bem seria ganhar um pouco de peso gradualmente ao longo dos anos, sem contar o período de gravidez no caso das mulheres, é claro! Cada vez mais as pessoas estão em guerra com o corpo. Em vez de cuidar dele da melhor maneira possível, tentam obrigá- lo a seguir numa direção que ele muitas vezes não quer ir, porque sabe que não é a direção mais saudável.
É preciso recuperar a confiança no corpo, aprender a cuidar bem dele, e transmitir essa mensagem às pessoas queridas, especialmente aos filhos, netos, sobrinhos e amigos que estão crescendo neste mundo. Hoje, o recado que se recebe de todos os lados – jornais, revistas, televisão, profissionais de saúde, vizinhos – é que o corpo é modelável, que se pode ter o tamanho e a aparência que se deseja e que isso é só uma questão de controle e investimento.
O que mais se escuta o tempo todo é que é preciso fechar a boca e fazer exercícios, no entanto, tanto um quanto o outro aumentam o apetite. Claro que é preciso ser ativo e fazer exercícios, mas, como tudo na vida, sem exagero. “Quanto a fechar a boca, após anos estudando a ciência da nutrição, sou contra fazer dieta restritiva, isto é, diminuir calorias ou eliminar grupos alimentares da alimentação, por exemplo, contar calorias ou deixar de ingerir carboidratos ou gorduras”, diz Sophie Deram, autora da obra “O Peso das Dietas“.
O cérebro não percebe a perda de peso como um sucesso de beleza; percebe-a como um grande perigo, por isso, desenvolve mecanismos de adaptação para proteção. O cérebro vai aumentar o apetite, diminuir o metabolismo e aumentar cada vez mais a obsessão por alimento, justamente para que coma e não corra nenhum perigo de perder gordura. Santo cérebro! Sábio cérebro!
O metabolismo foi formatado ao longo de milhares de anos, quando a falta de comida era comum e a busca por ela, uma atividade prioritária. Quem sobrevivia naqueles tempos era quem tinha gordura. Ainda hoje, o cérebro enxerga a gordura como proteção. O cérebro é o maestro do corpo. Ele controla tudo: as emoções, a fome e a saciedade, ou seja, quando comer e quando parar de comer, o equilíbrio energético, isto é, o quanto vai armazenar de gordura e, mais interessante ainda, é o cérebro que controla o peso.
O caminho para emagrecer de maneira suave e sustentável é um só. Retomando um dos prazeres mais importante da vida: o prazer de comer! É preciso parar de controlar a fome, as vontades e o instinto, porque é cansativo demais e não se ganha essa batalha contra o lado animal.