Metade dos brasileiros não sabe que estão com glaucoma
Risco de ter glaucoma pode cair em 20% com alimentação adequada.
O glaucoma é uma doença ocular capaz de causar cegueira se não for tratada a tempo, pois 80% não apresentam sintomas no início da doença. Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, no Brasil deve haver cerca de um milhão de portadores da doença que é a segunda maior causa de cegueira no mundo – perdendo apenas para a catarata.
A alta pressão intraocular provoca uma lesão do nervo óptico, tirando a visão de forma irreversível. Isto é o glaucoma, uma enfermidade crônica que não tem cura, mas, na maioria dos casos, pode ser controlada com tratamento contínuo, a base de colírio. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar a perda da visão, porém, 50% dos portadores desconhecem a doença.
“O glaucoma não apresenta um sinal claro, sendo silencioso no início. O problema vai crescendo e, aos poucos, a pessoa vai perdendo a visão periférica. Quando a visão central é acometida, o campo visual vai se fechando e não tem como recuperar a visão. Alguns pacientes podem manifestar crises no início, apresentando vista embaçada ou perda súbita da visão, dor forte no olho, dor de cabeça, formação de auréolas de arco-íris ao redor de luzes, náuseas e vômitos”, afirma o oftalmologista Fauze Abdulmassih Gonçalves, do departamento de Glaucoma, Catarata e Cirurgia Refrativa do Centro Completo de Oftalmologia.
A orientação é que todo paciente, por mais que enxergue bem, passe por um oftalmologista para uma avaliação de seu nervo óptico e de sua pressão intraocular, principalmente pessoas com histórico familiar, idade avançada, miopia de alto grau e pessoas da raça negra. No caso dos hipertensos e diabéticos a visita ao especialista também deve ser feita com frequência.
Até pouco tempo atrás, quem tinha casos da doença na família mantinha o controle apenas com medição da pressão ocular, mas segundo o oftalmologista Gilberto Boechat, há pouco tempo passaram a pedir uma batelada de exames mais profundos para descartar o surgimento da doença. Ele me pediu os exames e me disse – é o meu caso, meu avô tinha glaucoma –, que existem outras questões mais delicadas e silenciosas que aparecem antes de subir a pressão do olho.
Um estudo feito na Harvard Medical School (Estados Unidos) concluiu que comer verduras diariamente pode baixar o risco de desenvolver glaucoma em 20% ou mais ao longo da vida. A equipe liderada pela médica Jae Kang acompanhou 64 mil pacientes entre 1984 e 2012 e outros 41 mil pacientes entre 1986 e 2014. Todos os homens e mulheres avaliados tinham mais de 40 anos, mas nenhum tinha glaucoma no início do estudo. Depois de 25 anos de acompanhamento, 1.500 pessoas desenvolveram glaucoma. Divididos entre cinco grupos que consumiam verduras e saladas em intensidades diferentes, aqueles que incluíram mais folhas verdes na dieta diária se beneficiaram muito mais. “De modo geral, tudo o que faz mal à saúde e à boa forma como um todo também prejudica a visão. Do ponto de vista da saúde ocular, é possível ingerir alimentos que de fato contribuem para enxergar bem, como: cenouras, folhas verdes, ovos, frutas vermelhas ou cítricas e peixes”, finaliza o médico.
Todo cuidado é pouco.
Isabela Teixeira da Costa