O melhor amigo da humanidade

Crédito Tristar/divulgação
Crédito Tristar/divulgação

O ser humano não gosta muito da solidão.

Depois que Deus o criou, disse: “Não convém que o homem esteja só”. E inventou uma companheira para ele. Creio que por isso é tão difícil ficar totalmente sozinho, não faz parte do propósito divino para nossas vidas. Quantas e quantas pessoas que moram sós, assim que entram em casa ligam a TV ou o rádio simplesmente para ter barulho por perto e não enfrentar o silêncio? O som traz a sensação de companhia. As questões podem ser várias, até mesmo mais profundas, internas, mas isso deixo para minha colega de espaço, que escreve aos domingos, analisar, porque é mais a praia dela.

Outra alternativa que muitos encontraram para enfrentar a solidão são os bichinhos de estimação. Nessa lista dominam os cachorros, mais interativos. Reagem à chegada do dono, adoram brincar, respondem e correspondem. Por outro lado, demandam mais atenção e cuidados. É preciso passear pelo menos uma vez por dia com eles. Dar uma volta, principalmente se moram em apartamento. Também carecem de banho semanal, tosa (dependendo da raça), cuidados com os dentes por causa do mau hálito. Tudo vale a pena, pois são lindos e muito amorosos. Tenho dois, e os amo demais.

Por outro lado, os gatos têm conquistado mais e mais pessoas. Um dos motivos é o fato de serem mais silenciosos do que os cães. Será? Várias amigas já me contaram casos estarrecedores. Os bichinhos miam a noite toda. Quando a gata está no cio, é desesperador: ou a castração se inevitável ou os vizinhos pedem o despejo imediato… Antes que me recriminem, nunca ouvi esses miados. Apenas relato o que me contaram. Mas, sem sombra de dúvida, gato dá menos trabalho, não tem mau hálito, banha-se sozinho e não demanda carinho nem atenção como o cachorro. Como são relativamente independentes, sentem necessidade de se esconder para descansar. Gostam também de supreender – instinto natural – e por isso são importantes objetos e espaços adequados para o pequeno felino.

Com esse grande número de bichos de estimação, a indústria pet, com objetos, brinquedos e acessórios, tem crescido assustadoramente. Para os cachorros há até guarda-roupa completo, de pijamas a traje de gala, passando por capa de chuva e sapatinhos. Roupas são vendidas por grifes como Prada, Chanel, Gucci… Sinceramente, dá dó ver os bichinhos andando de sapato… Lembro-me do cachorrinho do filme Melhor é impossível imitando o Jack Nickoson, andando sem pisar nas linhas do chão. Eles levantam a patinha para o alto, tamanha a aflição que o acessório causa.

Brinquedos, ossinhos, biscoitos, camas, casas, tem até namoradeira. E as coleiras, então? De grife – Swarovski, Louis Vouitton… Pasmem: uma dessas coleiras tem 1,6 mil brilhantes – o maior deles tem sete quilates. Há móveis para gatinho escalar, arranhar e se esconder. Alguns têm até seis andares, mas próprios para apartamentos. Forrados, parecem complexos playgrounds, com pontes maleáveis, escadas e desníveis. Uma coisa incrível.

E não fica só por aí. O mercado oferece bebedouros, caixinhas higiênicas, namoradeiras, caixas para transporte, camas dos mais diversos modelos. Enfim, a criatividade é infinita e o desejo de consumo dos proprietários maior ainda. Afinal, tudo vale a pena para agradar a esses pequenos seres que preenchem o vazio da nossa solidão. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada no Caderno EM Cultura, 3/2/16, na coluna da Anna Marina

 

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