Viagem pelo mundo do Game of thrones

O mundo da imaginação e criatividade das séries de TV e o sucesso do Game of Thrones.

Tenho uma amiga, Valentina Carvalho, advogada das boas. Toda terça-feira, ela escreve uma crônica e envia por e-mail para um grupo de amigas. Algum tempo atrás, li um que achei bem legal e resolvi publicar.

“Em busca de mera distração, iniciei a busca entre as séries da TV paga onde encontrei temas fascinantes.
De Madmen e o apogeu da América dos anos 60 com o boom dos impérios da publicidade, pulei para o gótico e estranho Game of Thrones.
Tentava me conectar com meu sobrinho, que via a série sem dar nenhuma palavra, hipnotizado e sem permitir que ninguém desse um único pio – tal e qual meu avô, quando assistia seu jornal das 7 horas da noite, há 70 anos  – ah, a  vida se repetindo sempre.
O que será que existia naquela série? Em minhas férias, resolvi encarar e não consegui parar até o último capítulo.
Cenas de arrepiar, violentas até, que não sei quantas vezes tive de tapar o rosto com as mãos, diante da dificuldade em encará-las. Tudo fascinante: dragões, povos desconhecidos (uma mistura de todos os terrestres e até extraterrestres), sete reinos, cidades inventadas, idiomas impensáveis ditos com naturalidade, Gênesis e apocalipse ao mesmo tempo.
A eterna luta por poder, poder e poder! Luta tão conhecida de nós, brasileiros.
Ninguém se salva, ninguém é de todo bom, nem de todo mal.
Comecei a questionar o por quê de aquela série fazer tanto sucesso. Sucesso mundial, a ponto de os coadjuvantes fazerem fila para participar sem cobrar cachê.
Seria o mundo inventado, o imã? Ou seria a semelhança com algo já sentido e sofrido pela humanidade, a verdadeira razão da atração?
Conheceria o público alvo – de 15 a 45 anos, em sua maioria – algo de história ou teria esquecido a historia mundial? Ninguém havia estudado a baixa e alta idade média? Ninguém havia lido os Irmãos Grimm e suas histórias sinistras de príncipes, princesas, reinos distantes, feiticeiras e dragões?
A ausência de sentimentos, ética e justiça, o abuso do poder absoluto, tudo completamente bárbaro, a ceifar vidas, reinados, sentidos e sentimentos; sentimentos arriscados por alguns poucos apenas.
Será que o mundo inteiro estava vendo espelhado ali, naquele jogo de tronos, o reflexo do que o mundo vive hoje? Acredito que sim.
A direção inteligente e caprichada, que escolhe a cada ano da série locações incríveis mundo afora, condizentes com a estória, fazem com que esse conto de fadas às avessas passe a ser o escape da realidade, que machuca muito mais do que os reinos em conflito e os dragões ferozes que soltam fogo pela boca e são comandados por uma mulher platinada, palatina e correta.
Na próxima semana, chego ao século XX, a Espanha de 1905, onde as classes não se misturam, cheia de intrigas e amores proibidos, é o Grande Hotel.”
Valentina Avelar de Carvalho
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