Comédia que mostra encontro de Freud com Salvador Dali chega a Belo Horizonte.
Escrita em 1993, a peça teatral Histeria do autor britânico Terry Johnson ganhou direção de John Malkovich e sua montagem foi aclamada por diversos países da Europa, com grande sucesso de público e crítica. Depois de assistir e se encantar com a peça em Paris, Jô Soares traduziu o texto e dirigiu a versão brasileira. O elenco – Pedro Paulo Rangel, Cassio Scapin, Erica Montanheiro e Milton Levy –, se apresenta no Palácio das Artes, nos dias 26 e 27 de novembro.
Em 1938, o pintor surrealista Salvador Dalí visita o pai da psicanálise Sigmund Freud, que já está às portas da morte. Deste encontro histórico, e algo inusitado, surge a matéria prima para Histeria. Numa das sequencias mais absurdas da trama, Dali encontra Freud em seu consultório, onde ele, atrapalhado por uma série de situações cômicas anteriores, encontra-se segurando uma bicicleta coberta por caramujos, com uma das mãos presa dentro de uma galocha e com a cabeça enfaixada numa espécie de turbante. O mestre surrealista, fascinado pela visão, conclui: “O que Dalí vê apenas em sonhos, você vive na realidade!” Sem dúvida, um dos maiores encontros do século passado. A psicanálise e o surrealismo. A psiquê humana e o delírio imaginário.
Utilizando a linguagem do humor, onde a comunicação é privilegiada para que o público possa mergulhar em temáticas complexas e não cotidianas, o autor coloca “respiros dramatúrgicos” para que reflexões mais profundas possam ser feitas. Artimanha usada para em seguida arremessar a plateia em mais uma vertiginosa sequencia de situações hilariantes e de apelo popular.
Ficha Técnica:
Texto: Terry Johnson
Tradução e direção: Jô Soares
Produção: Rodrigo Velloni
Elenco: Pedro Paulo Rangel, Cassio Scapin, Erica Montanheiro e Milton Levy
Diretor assistente: Mauricio Guilherme
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenografia: Chris Aizner e Nilton Aizner
Figurino: Fábio Namatame
Música Original: Ricardo Severo
Classificação: Livre – Menores de 12 anos somente acompanhados de pais ou responsáveis
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes
Data: 26 de Novembro | 20h30
27 de Novembro | 18h30
O musical do momento se apresenta no Palácio das Artes nos dias 1º e 2 de outubro.
Tiago Abravanel e Leandro Luna são os protagonistas do espetáculo que fez sucesso no Rio e em São Paulo. A superprodução é para todas as idades, bom para as crianças e melhor ainda para os adultos que acompanham estes personagens desde os anos 50. O espetáculo se baseia na célebre história em quadrinhos criada pelo desenhista Charles M. Schulz, em 1950, e até hoje publicada em milhares de jornais de todo o mundo, do cachorro Snoopy e seu amigo Charlie Brown com sua turma de amigos.
Um dia recheado de pequenos momentos da vida de Charlie Brown; do Dia do Amigo à temporada de beisebol, do extremo otimismo ao desespero total, tudo isso misturado às vidas de seus amigos e colocado juntos num único dia, de uma linda e incerta manhã a um pôr do sol cheio de esperança. Este é o enredo do espetáculo.
Ficha Técnica
Baseado nas Tirinhas de Charles Schulz Um Musical de Clark Gesner Versão Brasileira – Mariana Elisabetsky
Elenco:
Tiago Abravanel (Snoopy) Leandro Luna (Charlie Brown) Ester Elias (Sally Brown) Tecca Ferreira (Lucy Van Pelt) Guilherme Magon (Schroeder) Douglas Tholedo (Linus Van Pelt)
Direção e Coreografia – Alonso Barros Diretor Musical e Maestro Regente – Sandro Silva Direção Vocal – Rafael Villar Direção de Produção – Danny Olliveira e Leandro Luna Cenários – Chris Aizner Figurinos – Jô Resende Iluminação – Paulo César Medeiros Videografismo – Tuba Realização – Néctar Cultural
SERVIÇO
“Meu amigo Charlie Brown – Um musical da Broadway” Data: Dias 1º e 2 de outubro – Sábado, às 19h, domingo, às 18h
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 – Centro, Belo Horizonte)
Duração: 80 minutos – Sem intervalo
Indicação Etária: Livre – Menor de 12 anos acompanhado dos pais
Plateias I e II: R$80,00 (inteira) R$40,00 (meia entrada)
Superior (32 assentos): R$80,00 (inteira) R$40,00 (meia entrada)
Superior (312 assentos): R$50,00 (inteira) R$25,00 (meia entrada)
A despedida faz parte da vida, porém sempre é muito sentida.
No domingo perdi mais um amigo. Uma pessoa muito importante em um período da minha vida. O ator e diretor de teatro Elvécio Guimarães. Tinha muito tempo que não o via, porém tinha um lugar especial no meu coração.
Estava doente, enfisema pulmonar por causa do cigarro. Se um fumante visse como é a morte de alguém que está com enfisema, penso que largaria o cigarro na hora. O velório e enterro foram no mesmo dia, infelizmente só tomei conhecimento à noite, estava de plantão com minha mãe, no sitio. Não pude ir prestar minha última homenagem, o que me deixa mais triste ainda. Também não foi possível abraçar minha amiga Heloisa Aline que perdeu sua mãe neste fim de semana.
Elvécio começou cedo nas artes. Aos 15 anos, como ator de radioteatro na Rádio Inconfidência, aos 17 já era galã. Em 1952, foi para o Rio de Janeiro e passou a integrar o elenco da Rádio Mayrink Veiga. Nessa época, fechou contato com a TV Tupi, e Rádio Globo.
Em 1955, retornou a BH e foi contratado pela TV Itacolomi, principal emissora da época. Foi apresentador, ator, narrador e redator de novelas e protagonizou o primeiro seriado da TV brasileira, Noites Mineiras, de Lea Delba, um conto de época que retratava a Belo Horizonte do início do século XX. Paralelamente à televisão e rádio, começou a dedicar-se também ao teatro.
Participou de mais de 100 espetáculos como ator e diretor. Foi um dos responsáveis pela criação da Escola de Teatro do Centro de Formação Artística (Cefar) do Palácio das Artes, onde trabalhou durante anos como professor, sendo responsável pela formação de vários artistas no estado.
Sempre amei teatro, desde criança atuava nas montagens no Colégio Izabela Hendrix, onde estudei quase a minha vida inteira. Adolescente, ajudei a fundar o GRITE, Grupo Izabela de Teatro Experimental, junto com a professora Marly Ferraz de Andrade – o nome fui eu que criei e foi aprovado. De lá, participei do Grupo Verbenas de Teatro Amador, junto com um grupo de amigos evangélicos. Foi muito legal. Apresentávamos no teatro do Palácio do Rádio, onde hoje é o Teatro Alterosa. Na época da censura, imagine, fazíamos ensaio para os censores e eles liberavam ou não.
Em 1982, resolvi participar do Showçaite e o diretor Márcio Machado me convidou para integrar o elenco de uma produção profissional que estava fazendo: Brasil, mame-o ou deixe-o, e eu aceitei na hora. Entrei em um mundo completamente novo, conheci pessoas queridas que trago comigo até hoje. Amigos que mesmo distantes quando encontramos damos boas risadas, como Amauri Reis, Kalluh Araújo, Inês Peixoto, Wilma Patrícia, Célia Thais, Dílson Mayron, Beth Coelho. De lá veio o convite do Roberto Drummond para fazer sua vídeopeça Quando fui morto em Cuba.
Elvécio, na época da TV Itacolomi, com Otávio Cardoso
Quando ingressamos no teatro profissional, conhecemos as pessoas e foi aí que conheci Elvécio Guimarães. Um encanto de pessoa. E dele veio o convite para fazer outro espetáculo, o Ensina-me a viver. Claro que aceitei. Trabalhar com ele seria uma honra, um aprendizado. No elenco Wilma Henriques, Juçara Costta, Célia Thais, entre outros tantos atores. Faria o papel de uma das candidatas a casar com o rapaz. Aquela que representa um trecho de Romeu e Julieta. Não achava o tom da personagem e Elvécio me fala: “Faça ela bem canastrona”. Desci do palco, fui para casa e pensei como seria, aí veio a ideia de fazer gesticulando, como fazia quando era criança, cantando músicas de na Escola Domincal, a cada palavra sempre fazíamos um gesto.
No dia seguinte, quando cheguei para o ensaio, chamei Elvécio no canto, muito tímida, e com medo de receber uma reprovação. Mostrei um trecho do que pretendia e ele enlouqueceu. Mandou todo mundo descer do palco para ficasse apenas eu ali, sozinha, ensaiando e sincronizando fala e gestos até ficar no ritmo certo. E soltou um brado: “Essa é minha garota! Parabéns!”. Fiquei tão emocionada. Fui aplaudida em cena aberta na estreia e em praticamente todas as apresentações, quase morria de tanta emoção. E ele, da coxia, me abraça e dizia, “você é danadinha”.
Em seguida, outro convite, dessa vez para ser uma vestal em Laio ou o poder, e foi ele quem me apresentou para outro grande mestre, Otávio Cardoso, de quem tenho grande saudade. Nunca deixou de me fazer um elogio em todas as vezes que encontrou comigo, e depois que parei com teatro, o elogio vinha seguido de um puxão de orelha por ter parado, dizendo que estava desperdiçando um grande talento. Elvécio era uma peça rara. Homem de grande sensibilidade, talentoso e, como a grande maioria dos artistas mineiros, não recebeu o reconhecimento merecido. Porém, sempre será inesquecível para mim e para todos que o conheceram.
Hoje, temos três dicas muito legais para dar, todas no CCBB, que fica na Praça da Liberdade. São duas exposições e uma peça teatral. Anotem:
Exposição Mondrian e o movimento De Stijl
Obra da exposição Mondrian e o Movimento De Stijl (1921) Credito Gemeentemuseum, Dan Haag
Já está aberta em Belo Horizonte, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a mais completa exposição sobre Mondrian e o movimento De Stijl já realizada na América Latina, organizada pela Art Unlimited, patrocinada pelo Banco do Brasil, com apoio do Banco Votorantim.
A mostra apresenta 100 obras (sendo 30 delas de Mondrian) e uma seleção de múltiplas manifestações do movimento De Stijl, compondo o mais completo conjunto desse período já exibido no Brasil. A maior parte do acervo é procedente do Museu Municipal de Haia (Gemeentemuseum, Den Haag), da Holanda, que reúne a maior coleção do mundo de obras do artista.
Quando se fala em Mondrian, logo visualizamos retângulos de cores primárias delimitados por grossas linhas pretas. Porém, como tantos outros mestres das artes, Mondrian não se manteve a vida inteira no âmbito dos seus trabalhos mais conhecidos. Nos quase 30 anos que antecederam a esse despojamento, Mondrian produziu paisagens carregadas de cores escuras, e às vezes sombrias, que caracterizavam a pintura holandesa do século XIX. Com o tempo, ele foi se aproximando dos movimentos artísticos que ocorriam na Europa. Seus tons foram clareando e suas composições ficando mais ousadas à medida que se aproximava dos pós-impressionistas franceses, enchendo-se das cores e pinceladas vigorosas de Van Gogh, ou experimentando o pontilhismo de Seurat. Após uma influência temporária do cubismo, procurou formas de abstrair a realidade e buscar a essência da imagem. Piet Mondrian (1872-1944) chegou à sua obra mais famosa – Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul – em 1921, depois de uma trajetória que iniciou em 1892, ao ingressar na Academia Real de Artes Visuais de Amsterdã.
Composição com Oval em cores planas II (1914) Crédito Gemeentemuseum, Den Haag
Mondrian e o movimento De Stijl é uma exposição que vai além da história artística de Piet Mondrian. Há outra abordagem, igualmente relevante para compreender o que aconteceu no período (1917-1928), que retrata a agitação provocada pela revista De Stijl (O Estilo), meio escolhido para que um grupo de artistas, designers e arquitetos, incluindo Mondrian, defendesse o neoplasticismo e a utopia da harmonia universal de todas as artes. Mondrian acreditava que sua visão da arte moderna transcendia as divisões culturais e poderia se transformar numa linguagem universal, baseada na pureza das cores primárias, na superfície plana das formas e na tensão dinâmica em suas telas. Seus companheiros da De Stijl não só tinham visão semelhante, como aplicaram esses conceitos a todo tipo de arte.
No design, por exemplo, é representativa desse movimento a cadeira Vermelha Azul, que Gerrit Rietveld criou entre 1917 e 1923. O mesmo Rietveld levou o De Stijl para a arquitetura, ao desenhar e construir em 1924 uma casa para Truus Schroder-Schrader em que aplicou a paleta de cores primárias privilegiando espaços abertos, luminosidade, ventilação e funcionalidade, rompendo com convenções arquitetônicas da época.
Na exposição será possível acompanhar, por intermédio de obras originais, maquetes, mobiliários, fotografia, documentários, fac-símiles e publicações de época, essa forma de ver o mundo e as artes que era revolucionária em 1917 e continua moderna até hoje.
A entrada é franca e a mostra poderá ser vista até 26 de setembro, no CCBB de Belo Horizonte, depois segue para o Rio de Janeiro.
Gerrit Rietveld, Cadeira Vermelha Azul (1917-1923) crédito Gemeentemuseum, Den Haag
SERVIÇO
CCBB Belo Horizonte
Abertura ao público: 20/7/2016 a 26/9/2016
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários – (31) 3431-9400
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21 horas
CCBB Rio de Janeiro
Abertura ao público: 12/10/2016 a 9/1/2017
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – (21) 3808-2020
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21 horas
Cláudia Garcia Elias
Exposição Musica Brasilis “INTERAGIR>>> TOCAR, OUVIR, CRIAR
Mesa de compor desenvolvida em colaboração com o compositor Tim Rescala
Ao visitar a exposição Mondrian e o movimento De Stijl, no CCBB, você ainda terá a oportunidade de ver outra mostra muito interessante: a Musica Brasilis “INTERAGIR>>> TOCAR, OUVIR, CRIAR”, aberta 22 de julho, e aborda a música brasileira de todos os tempos, desde os cantos tupinambás até os dias de hoje, por meio de totens interativos, jogos e realidade aumentada, traçando um panorama de cinco séculos de práticas musicais brasileiras de todos os tempos e gêneros. A mostra reunirá instrumentos indígenas, europeus e africanos, vídeos e instalações digitais.
Com curadoria da cravista e doutora em Informática Rosana Lanzelotte, o projeto se apoia nos conteúdos reunidos ao longo de sete anos para o portal Musica Brasilis (www.musicabrasilis.org.br), que realiza um relevante trabalho de resgate e difusão de música brasileira.
Com entrada gratuita, a exposição exibe o vídeo Imagens da Música, que mostra desde a reconstituição dos cantos tupinambás, anotados por Jean de Léry em 1557, passando pelos carros alegóricos que desfilaram no Carnaval de 1786, gravuras de Debret e Rugendas retratando escravos e suas práticas musicais, até grafites do século XXI. São seis as instalações interativas desenvolvidas em colaboração com a SuperUber:
Contemplada no edital de cessão de espaço do CCBB, a mostra integra o VII Circuito BNDES Musica Brasilis, que esse ano realiza 14 espetáculos multimídia nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Aracaju, Paraty, Campinas e Belém.
SERVIÇO:
CCBB BH
Praça da liberdade, 450 – Funcionários – Belo Horizonte
Visitação: 22 de junho a 25 de julho
De quarta a segunda, das 9h às 21h
Entrada gratuita
CGE
Estudo para missa para Clarice
O diretor e ator Eduardo Wotzik Foto Ricardo Brajterman / Divulgação
Pode ser visto até 8 de agosto, também no CCBB, a peça Estudo para missa para Clarice, que traz a temática do “sagrado” na obra de Clarice Lispector, do aclamado diretor Eduardo Wotzik, Clarice Lispector, questionadora e completamente entregue à sua crença, revela em sua obra a sua maneira de se conectar com seu Deus, traçando com clareza sua relação particular com o Sagrado. “A salvação é pelo risco”. O espetáculo reúne textos extraídos e editados da obra de Clarice, proporcionando a união do espaço físico do teatro e toda sua capacidade de encantamento ritualístico ao poder da palavra – uma das manifestações primordiais da humanidade e o refúgio da autora em questão – para uma reflexão sobre a condição humana. Além da direção e criação, Wotzik atua e divide o palco com Cristina Rudolph e Natally do Ó.
FICHA TÉCNICA:
Da obra de Clarice Lispector
Edição e Texto Final: Eduardo Wotzik
Direção de Arte: Analu Prestes
Iluminação: Fernanda Mantovani e Tiago Mantovani
Elenco: Cristina Rudolph, Natally Do Ó e Eduardo Wotzik
Música: Henryk Gorécki
Dramaturg: Vittorio Provenza
Diretores Assistentes: Carla Ribas, Daniel Belmonte, Alexandre Varella
Direção de Produção: Michele Fontaine e Jessica Leite
Direção Geral e Concepção: Eduardo Wotzik
SERVIÇO:
Estudo para Missa Para Clarice – Um espetáculo sobre o homem e seu Deus
De 14 de julho a 8 de agosto – de quinta a segunda
Horário: 19h
CCBB BH – Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
Ingressos: R$ 20/inteira e R$ 10/meia entrada (à venda na bilheteria do CCBB e pelo site: http://culturabancodobrasil.com.br)
Classificação Indicativa: 14 anos