Suicídio pode ser evitado com tratamento e diálogo

Rede Ebserh oferece acompanhamento psicossocial em vários hospitais do país, para evitar suicídio.

Sempre fiquei encucada com suicídio. Tem uma certa dualidade, a pessoa não tem coragem para viver enfrentar os problemas e escolhe tirar a sua vida. Por outro lado, é extremamente corajoso para provocar sua morte. Não consigo nem imaginar o que passa na cabeça de uma pessoa que comete suicídio, mas imagino que deva estar no mais profundo sofrimento. E sei que os familiares sofrem profundamente quando um ente querido se mata.

Semana passada, uma colega de trabalho passou por uma experiência terrível. Sua única filha cometeu suicídio, e foi ela quem a encontrou. Todos no trabalho ficaram chocados com a notícia, e consternados por ela. No velório era nítido o sofrimento, a dor da mãe. Isto não se apaga nunca da vida de uma pessoa que vive esta experiência.

Atualmente considerado um problema de saúde pública mundial, o suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Preocupados com essa alarmante realidade, 28 hospitais universitários filiados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao Ministério da Educação, nas cinco regiões do país, oferecem tratamento psicossocial com equipes multiprofissionais que envolvem médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas, dentre outros.

O tema suicídio tomou os noticiários nos últimos meses, quando o desafio da “Baleia Azul” reacendeu uma antiga discussão: doenças psicossociais que podem levar as pessoas a tirarem a própria vida. O assunto ganhou repercussão nacional depois que uma adolescente de 16 anos foi encontrada morta em uma represa no estado de Mato Grosso, supostamente após cumprir o último desafio do jogo, e de terem sido registradas outras ocorrências de tentativas de suicídio.

JS, morador da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, é usuário desse tipo de serviço. Vítima de um acidente de trânsito há mais de dez anos que desencadeou uma série de problemas, ele foi diagnosticado com depressão. Semanalmente, JS tem acompanhamento de profissionais do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN). Na unidade filiada à Ebserh, ele participa de atividades como terapia, reunião com grupo de apoio, oficinas, além de acompanhamento médico.

Outra unidade da Rede Ebserh que oferece atendimento psicossocial é o Hospital Universitário da Universidade de Juiz de Fora (HU-UFJF). Lá, o Serviço de Psiquiatria e o Centro de Apoio Psicossocial (Caps) atendem pacientes teoricamente mais suscetíveis a buscar o suicídio, como os casos de depressão, transtornos de personalidade, dependentes químicos e esquizofrênicos.

O psiquiatra Alexandre Rezende Pinto explica que as famílias devem se atentar ao chamado comportamento suicida. Começando com o desejo de morrer, passando por acreditar ser essa a melhor decisão, o planejamento, até, por fim, tomar a atitude. “Pessoas caladas, que evitam o contato social e com mudanças importantes de comportamento devem ser observadas”, afirma o médico do HU-UFJF.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) atende pessoas com comportamento suicida 24 horas por dia pelo telefone 141, além de e-mail, chat e Skype. A associação, que fornece apoio emocional e prevenção ao suicídio, registrou o dobro de pedidos de ajuda desde a estreia de “13 Reasons Why”, série lançada no fim de março que aborda o suicídio de uma adolescente. Produzida pela cantora Selena Gomez, a série é inspirada no livro homônimo de Jay Asher e narra as razões que levaram uma estudante a tirar a própria vida.

De acordo com dados da ONU, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos de idade, com mais de 800 mil casos por ano em todo o mundo. Geralmente, essas pessoas chegaram a procurar ajuda e não tiveram o tratamento da melhor forma. “Existe um mito ao achar que quando falam, não vão fazer. É muito importante valorizar as tentativas de suicídios”, conclui Rezende.

Isabela Teixeira da Costa

O jogo da morte

baleiaO que passa na cabeça de uma pessoa para criar um jogo que leva adolescentes a suicidarem?

Tem pessoas que não acreditam em Deus e no demônio. Não sei como isso é possível, pois existem tantas provas da existência dos dois, que, na minha humilde opinião, só não crê quem não é nem um pouco observador.

Mês passado ouvi falar de um jogo criado por um rapaz na Rússia chamado Blue Whale, ou seja, Baleia Azul, que hoje já está bem conhecido por aqui também. Fiquei tão impressionada com o que ouvi que achei melhor não escrever nada sobre ele, porque poderia estar ajudando a divulgar o referido jogo para pessoas de cabeça fraca, em vez de apenas fazer um alerta.

Ledo engano, o jogo se espalha por si só, e se alguém disser que ele não é coisa do diabo, não sei de quem é. Não estou dizendo que foi o coisa ruim que criou, mas foi ele que colocou na cabeça desse rapaz de criar uma coisa assim: um jogo no facebook, que atrai adolescentes para jogar e tem 50 desafios, que quando cumpridos devem ser comunicados ao … Cada um desafiando os limites da pessoa e alguns desses desafios são secretos, e culmina com o último que é tirar a própria vida.

baleila1Vários adolescentes ao redor do mundo já se mataram. E muitos pais não percebem que os filhos estão jogando, porque a coisa mais comum atualmente é adolescente ficar grudado no computador ou no smartphone, e poucos pais procuram saber o que eles andam vasculhando por ali. Os desafios devem ser feitos de madrugada quando os pais estão dormindo, e os de automutilação são fáceis de esconder com blusas de manga comprida. O que adolescentes usam? Moletons grandes.

Seguem os desafios do Baleia Azul para conhecimento geral, assim os pais podem ficar alerta com relação aos filhos:

  1. Com uma faca ou navalha, escrever a sigla “F57” na palma da mão e em seguida enviar uma foto para o curador.
  2. Assistir filmes de terror e psicodélicos às 4:20 da manhã, mas não pode ser qualquer filme, o curador te indicará, lembrando que ele fará perguntas sobre as cenas, pois ele quer saber se você realmente assistiu.
  3. Cortar seu braço com uma lâmina, “3 cortes grandes” mas é preciso ser sobre as veias e não precisa ser muito profundo, envie a foto para o curador, e seguira para o próximo nível.
  4. Desenhar uma baleia azul e enviar a foto para o curador.
  5. Se você está pronto para se tornar uma baleia escreva “SIM” em sua perna. Se não, corte-se muitas vezes “Castigue-se”.
  6. Tarefa em código, o curador sempre muda o sexto desafio, baseado no perfil do jogador.
  7. Escreva “F40” em sua mão e envie foto ao curador
  8. Em sua rede social, escreva “#i_am_whale” no seu status do VKontakte(Rede Social Russa) ou no Facebook. O texto quer dizer “Eu sou uma Baleia”.
  9. Ele te dará uma missão baseada no seu maior medo, ele quer fazer você superar esse medo.
  10. Acordar as 4:20 da manhã e subir em um telhado, quanto mais alto melhor.
  11. Desenhar uma foto de uma baleia azul na mão com uma navalha e enviar a foto para o curador.
  12. Assistir filmes de terror e psicodélicos, todas as tardes.
  13. Ouça as musicas que os “curadores” te enviarem.
  14. Corte seu lábio.
  15. Fure sua mão com uma agulha várias vezes.
  16. Faça algo doloroso, “machuque-se”, fique doente.
  17. Procurar o telhado mais alto, e ficar na borda por 22 minutos.
  18. Subir em uma ponte e sente-se na borda por 22 minutos.
  19. Suba em um guindaste ou pelo menos tente
  20. Próximo passo o curador irá verificar se você é de confiança.
  21. Encontre outra baleia azul, “outro participante”, o curador te indicará.
  22. Se pendurar mais uma vez em um telhado alto, e apoie-se na borda com as pernas penduradas
  23. Missão em código, baseada no perfil do jogador, cada um recebe uma missão diferente.
  24. Tarefa secreta
  25. Reunião com uma baleia azul que o curador indicará.
  26. O curador indicará a data da sua morte, e você aceitará.
  27. Acordar as 4:20 e ir a uma estrada de ferro.
  28. Não falar com ninguém o dia todo.
  29. Fazer um voto de que você é realmente uma Baleia Azul.
  30. Todos os dias, você deve acordar às 4:20 da manhã, assistir a vídeos de terror, ouvir música que “eles” lhe enviam, fazer 1 corte em seu corpo por dia, falar “com uma baleia”. Durante o intervalo dos desafios entre 30 e 49.
  31. Tire a sua vida

Quando se entra no jogo eles dão a chance da pessoa sair, e avisam que depois não tem volta, e ameaçam a pessoa e sua família. Uma mãe atenta conseguiu salvar a vida da sua filha de 15 anos, quando estava na tarefa 15. Segundo relato da adolescente, ela sente o peito vazio e não sabe explicar o que é, simplesmente sofre. Desacreditou no amor da mãe, no contato com outros seres humanos e na fé evangélica da criação que recebeu na Zona Oeste do Rio.

“Quem tiver com vontade de entrar no Baleia Azul, não faça isso. Só vai te causar coisas ruins. Em vez de parar sua tristeza, só vai aumentar. E vai acumular. E quando você vê, já vai estar vazio por dentro e por fora. Apostem numa coisa que você gosta. Talvez numa música de que você gosta. Talvez você se sinta melhor. Porque eu sei o quanto dói, mas não vai ser um jogo que vai te fazer parar de sentir dor. E nem a morte’, diz a menina.

A adolescente foi internada depois que a mãe descobriu sua participação no jogo, ficou dois dias no hospital e quando saiu tentou suicídio. A mãe, que abandonou o trabalho por preocupação, conseguiu impedir que o pior acontecesse. A dor da mãe a fez recuar. Vez por outra, Mariana diz que sente vontade de desistir, mas tenta mudar de pensamento. Está em tratamento, “Minha mãe me disse que fazia tudo para eu ficar viva. E eu entendi. Às vezes eu penso (na morte), mas aí eu penso no meu futuro”, conta. (extraídos de matéria publicada no jornal Extra, RJ).

Podem acreditar ou não, mas para mim, só com a ajuda de Deus para conseguir resgatar estes adolescentes de um jogo tão do mal.

Isabela Teixeira da Costa