Começou a Paralimpíada

Foto Agencia Reuter
Foto Agencia Reuter

Mais uma vez fizemos bonito no show de abertura, desta vez, da Paralimpíada.

Na noite de ontem, o Maracanã foi palco da abertura da Paralimpíada. Não foi um espetáculo como a abertura da Olimpíada, mas foi bonito e emocionante. É impressionante ver o que um deficiente físico é capaz de fazer, e foi exatamente isso que o show de abertura quis mostrar: superação e excelência.

O estádio estava lotado, o que já dá um brilho especial, pois a reação do público contagia, empolga e é ela que dá o clima mais do que especial à festa. Logo no início o paratleta de esporte radical Aaron Wheelz desceu uma mega rampa de 15 metros terminando com um salto, que levantou a plateia.

Teve roda de samba com entrada de cadeirantes e bailarinos para animar. Um dos momentos bonitos foi a projeção do nosso paratleta de natação Daniel Dias, atravessando o Maracanã a nado. Emocionante o hino nacional tocado pelo maestro João Carlos Martins.

Foto Agência Reuter
Foto Agência Reuter

E não tem como não emocionar com a entrada dos paratletas no estádio. O orgulho, a alegria e a certeza de que farão bonito nas competições. Por que só de conseguir competir com limitações físicas, para mim já são campeões e vencedores, chegar em uma olimpíada então… Todos merecem medalhas. Cada delegação que entrou, trouxe uma peça de quebra-cabeça, que ia sendo montado no meio do palco. Estas peças faziam parte de uma arte de Vick Muniz, que o artista criou com a foto de todos os 4 mil paratletas. A última peça foi colocada pelo artista e quando o desenho se completou formou um enorme coração.

Tem um paratleta alemão de salto a distância que é detentor do recorde mundial. Alcança distância mais longa que nas três últimas Olimpíadas, e seus sonho é competir em uma Olimpíada e não na Paralimpíada, mas não é permitido, por causa da sua prótese que, segundo os técnicos, dá a ele certa impulsão que coloca os atletas normais em desvantagem.

Para levar a plateia a tentar sentir um pouco do que é não ter algum dos sentidos, em determinado momento fortes flashs foram jogados contra ela e depois se fez um black out no Maracanã para que as pessoas não conseguissem enxergar por alguns instantes. Na sequência, um casal de bailarinos com deficiência visual apresentaram um pas de deux, se guiando pelo piso que tinha volume, mostrando a importância das marcações.

Reprodução SportTV
Reprodução SportTV

Outro momento maravilhoso foi protagonizado pela atriz, modelo e paratleta campeão de para-snowboard Amy Purdy dançou com um robô. Ela perdeu as duas pernas do joelho para baixo em decorrência de uma meningite bacteriana. Usa prótese, mas dançou tão bem, com tanta elegância. E ainda trocou a base da prótese durante a dança, tirando a parte que parece pés e colocando as lâminas de competição. A dança foi uma cena daquelas que a gente quer rever.

Durante os discursos foi inevitável o agradecimento aos governos, pois foi necessário o repasse de verba, já que a venda para assistirem as competições estava muito baixa, chegando inclusive a cogitarem a possibilidade de cancelar a Paralimpíada. Mas foi só citar os governos que a vaia foi geral, forte e longa.

Outros dois momentos emocionantes: a entrada da bandeira da Paralimpíada e da tocha. Escolheram crianças paraplégicas que usaram o macacão que o pai brasileiro criou para jogar bola com o filho, e pais entraram com seus filhos, carregando a bandeira. Foi muito emocionante e os cadeirantes estrangeiros ficaram encantados com a invenção. E durante a entrada da tocha, uma das paratletas, mais velha, caiu, mas se levantou sozinha e conseguiu completar o percurso.

O final da festa foi show do Seu Jorge, mostrando mais uma vez que brasileiro é animado, alegre e gosta de celebrar. Agora é acompanhar as competições.

Isabela Teixeira da Costa

Olimpíadas: encerramos com chave de ouro

Maracana
Foto AFP

O Brasil brilhou na Olimpíada.

Brilhamos mais dos que toda as medalhas de ouro que foram entregues nos 17 dias da Olimpíada Rio 2016. Quanto orgulho. Fizemos uma abertura maravilhosa e um encerramento lindo e alegre, cheio de brasilidade. Uma festa que era a nossa cara.

Mostramos para um mundo que nos enchia de críticas antes dos jogos, que gastaram saliva e preocupação à toa. O mundo ficou envergonhado de duvidar do Brasil. E todos os problemas que ocorreram foram suplantados pela alegria, simpatia e hospitalidade dos brasileiros.

Tivemos problemas, mas foram poucos. Os mais graves foram de responsabilidade de terceiros, como a queda da câmera de filmar a OBS. A organização da Rio2016 alertou e pediu que eles retirassem o equipamento assim que o primeiro cabo se rompeu, e eles se recusaram afirmando que não havia perigo. Apenas isolaram a área sob a câmera, esquecendo que, caso caísse, seria como pêndulo. Não deu outra.

Outro grande problema foi de segurança, que no final das contas nunca existiu. Tudo não passou de uma grande mentira criada por alguns nadadores da delegação dos Estados Unidos, que já se espalhou mundo afora. Saíram, beberam demais, e depredaram o banheiro de posto de gasolina. O segurança cobrou e eles acham que foram extorquidos. Hello!!! Eles danificam um patrimônio e não querem pagar o prejuízo? Fico imaginando se fosse um brasileiro fazendo isso na terra deles, como seria. Pelo menos o rebelde que mudou o visual para parecer bom moço, já perdeu patrocinadores.

Voltando à Olimpíada, foi lindo ver os novos atletas brasileiras que fizeram bonito. Pessoas que ninguém conhecia e ganharam medalhas, como nosso canoeiro baiano Isaquias Queiroz, e o Thiago Braz, que levou o ouro no salto com vara e ainda bateu o recorde olímpico. E como a ginástica fez bonito, e nosso Diego Hipólito desencantou, brilhou, não errou e levou a prata no solo.

Porém, o que deu o sabor mais gostoso foi fechar com dois ouros. O do futebol, que estava tão desacreditado e conseguiu dar a volta por cima, e na disputa dos pênaltis, levamos a melhor. E nosso goleiro herói deu todas as honras a Deus. Quando foi entrevistado o repórter creditou tudo ao destino, já que ele não tinha sido convocado, mas ele mais do que depressa corrigiu: “destino não, foi Deus, ele sabe de tudo, preparou tudo, e fez desta forma”.

E no último dia dos jogos, para brindar esses dias todos de sucesso, a Seleção Brasileira de Volei ganha de 3×0 da Itália. Com direito a muita alegria, choro, vibração e o tradicional peixinho.

E a festa de encerramento… Que lindo quando foi projetada a bandeira do Brasil e as crianças ocuparam o lugar das estrelas. Que alegria o frevo, o grupo Corpo, os bailarinos vestidos de bonecos de barro. E o jardim de Burle Marx? Como ficou linda aquela alegoria!

Tenho que confessar que não aguento muito a falação do Galvão Bueno, mas no domingo à noite, durante a transmissão da cerimônia de encerramento ele deu uma dentro, quando disse que o Maracanã tinha se transformado em Sapucaí e o Mundo tinha caído no Samba. Foi exatamente isso que ocorreu quando o bloco de carnaval entrou com as marchinhas antigas, seguidas pelas Portas Bandeiras e Mestres Salas e baterias das Escolas de Samba. Até um carro alegórico eles colocaram dentro do estádio. Os turistas ficaram enlouquecidos. Os atletas caíram no samba e subiram no carro para tirar foto com as passistas.

Não sei até que horas foi a farra, porque interromperam a transmissão, mas se foi no estilo brasileiro, imagino que deve ter varado a madrugada. Independentemente do tempo de duração, foi uma bela festa, que duvido, apesar de toda tecnologia, que o Japão conseguirá superar.

Parabéns Brasil, parabéns brasileiros! #orgulhodeserbrasileira

Isabela Teixeira da Costa

E a tocha olímpica passou por BH

A tocha olímpica marcou presença na cidade.

Estava louca para ver a passagem do “fogo eterno”, me programei no sábado para ir cedo para a Pampulha, mas nem sempre as coisas ocorrem como imaginamos. Minha filha está de partida. Na quinta-feira, ela embarca para Anagé, sertão da Bahia, onde inicia uma nova etapa de vida como missionária. Está terminando seu último trabalho aqui e saiu de casa às pressas me pedindo algumas tarefas.

Pronto, larguei tudo para atendê-la. Fiz com alegria, mas tive que mudar meus planos.

Desde que foi anunciada a Olimpíada do Brasil fiquei doida. Sempre sonhei em ir aos jogos olímpicos, mas era impraticável pela distância, altos custos, trabalho, etc. Mas aqui, na minha terra… Não poderia perder.

Entrei no site, me cadastrei para o sorteio da compra antecipada, comprei passagem aérea e o maior problema: hospedagem. Como não vou ficar o tempo todo, não consigo achar local para ficar. Ninguém quer alugar por poucos dias, nem hotel nem particular. Ainda não resolvi este problema.

Quando comecei a selecionar as modalidades que queria assistir fui entrando no clima olímpico. Sonhando com todos os esportes que gosto e que a TV não dá muito espaço como a ginástica rítmica, nado sincronizado, salto ornamental. Tênis e vôlei também estão garantidos.

Mês passado, Ivan Drummond – meu colega de redação –, me chamou e mostrou o vídeo do Luciano Huck, dizendo que ele tinha sido selecionado para carregar a tocha olímpica. Fiquei tão emocionada. A escolha foi por vários motivos: ele é o terceiro de uma geração de jornalistas esportivos, já cobriu várias olimpíadas, o Mineirinho recebe o nome de seu pai Felipe Drummond, e ele tem uma história de superação, há dois anos tirou um tumor do cérebro e se recuperou totalmente. Merecidíssimo.

Não fui, mas minha amiga Heloísa Silva esteve lá e me mandou muitas fotos. Me contou como foi emocionante. Ela acompanhou desde a Igrejinha da Pampulha até o Mineirão, conversou com várias pessoas que carregaram a tocha. Emocionou-se com as histórias de superação de cada uma e principalmente quando Nalbert acendeu a tocha de Ivan que saiu do Mineirão com lágrimas nos olhos.

Na edição de domingo do Estado de Minas, Ivan Drummond fez a matéria da cobertura da passagem do “fogo eterno” por Belo Horizonte, e escreveu um texto emocionante contando o que sentiu. Transcrevo aqui um trecho:

“Chegou o momento de descer e me posicionar. Dentro do Mineirão sou surpreendido: Nalbert acendeu a minha tocha. Não resisti. Os olhos se encheram de lágrimas. Estava ali, com o símbolo maior do olimpismo, como que saindo do Olimpo carregando o fogo sagrado. Não sabia se conseguiria correr 250 metros. Consegui. Para dizer a verdade, nem vi o tempo passar. Queria mais. Mas o que vale é que realizei um sonho. Além de repórter em seis edições dos Jogos Olímpicos, agora faço parte da história, carreguei a tocha. Inesquecível”.

Tive outro motivo para ficar feliz. Meu sobrinho Álvaro Cotta Teixeira da Costa, gerente de marketing da Novo Basquete Brasil (NBB), também carregou a tocha. Todos dois ganharam de presente o símbolo que carregaram. De uma coisa eu tenho certeza, se não conseguir ir à Olimpíada por falta de hospedagem, foto com a tocha está garantida.

Isabela Teixeira da Costa