O que levar em conta na hora de decidir se vamos trocar nossos filhos de colégio, ou não?
Já disse aqui algumas vezes, que sempre estudei no Instituto Metodista Izabela Hendrix, e amava o colégio. Saí de lá depois de tomar uma bomba no primeiro ano do 2º grau. Foi em física. Aí, decidi fazer o chamado ensino médio com um técnico de secretariado porque já trabalhava como secretária do meu pai no jornal Estado de Minas.
Porém, um pouco antes, tinha resolvido mudar de colégio. Até hoje não sei o que deu na minha cabeça. Acho que foi burrice mesmo. Fui pro Pitágoras – nada contra o colégio –, era o colégio da moda, todo mundo estava indo pra lá e fui também. Fiquei dois meses e voltei correndo pro Izabela. Ninguém conhecia ninguém. Um colégio frio, indiferente. Nem… Gosto de calor humano, relacionamentos.
Enfim, cada aluno se adapta bem em um sistema escolar. Minha irmã estudou no Izabela, no Santo Antonio, no Pitágoras e gostou de todos. A filha de uma grande amiga, lá nos anos 90, estudava no Loyola e teve que sair porque ficou com uma depressão terrível. Não aguentou a pressão. Por outro lado, conheço diversas pessoas e filhos de amigos que estudam lá e amam. Têm turma grande, são excelentes nos estudos. Na Festa de Natal da Jornada Solidária no ano passado foi uma galera do Loyola trabalhar como voluntários.
Cada caso é um caso. Cada um sabe o calo lhe aperta. O que não pode é a criança querer trocar de colégio e os pais não escutarem o que ele diz. É claro que a primeira escolha da escola cabe aos pais que levarão em conta vários aspectos como proximidade com o local onde moram, referencia escolar de onde estudaram, avaliação geral de ser um bom colégio pedagogicamente falando e com um grau de ensino elevado, etc.
Mas depois que o filho já está encaminhado, resta aos pais observarem o andamento dele na vida acadêmica. Uma vez tive que tomar esta decisão. Tirei minha filha do Izabela Hendrix, onde ela estava desde o maternal 2, e passei para o Edna Roriz. Fiz isso porque o Izabela não soube alfabetizar as crianças no pré-primário com a teoria piagetiana que estavam implantando. Quem sofreu foram as crianças. Minha menina começou a ficar traumatizada e sofrendo bulling, tinha que dar um jeito nisso.
Ela detestou a turma do Edna, mas a didática do colégio foi excelente. Com dois meses lá ela me disse que era inteligente e não sabia. Nunca esqueci estas palavras. Soaram como mel nos meus ouvidos. Ficou por lá dois anos. Sei que foram anos sofridos para ela, mas necessários. Depois, voltou para o Izabela. Hoje, é formada em duas faculdades: arquitetura e teologia. Adora ler, é estudiosa, aplicada, responsável. Chega de falar, porque vão dizer que sou mãe coruja, mas quem a conhece sabe que estou falando a verdade.
Segundo Ronaldo Yungh, diretor do Colégio Visão em Goiás, o importante é avaliar, entre vários aspectos, fatores distintos do dia a dia dos jovens, como o relacionamento entre os colegas de classe. A pedagogia voltada para novos ares, além do ambiente escolar, também devem ser levados em conta na hora de optar por uma instituição de ensino. “O ideal é que a criança veja, e não os pais, se ela está satisfeita com aquele sistema de ensino. A partir da avaliação dela, os pais devem observar o comportamento”, ressalta o pedagogo, ao abordar que um dos fatores que mais ocasiona a troca de instituição é a mudança de endereço da família, fazendo com que os filhos fiquem o mais próximo de casa.
De acordo com Ronaldo, o comportamento leva a alguns indícios para os responsáveis saberem se os filhos estão satisfeitos ou não. “Muitas vezes, a criança ou o adolescente chega em casa já contando sobre a vivência dos alunos, do relacionamento com os professores, das atividades realizadas. Demonstra interesse e entusiasmo pelas atividades do dia a dia”. Para o pedagogo, até mesmo a insatisfação dos profissionais de ensino é um ponto a ser ressaltado, já que o aluno tende a se inspirar muito no que o professor fala.
O especialista diz que a troca de ambiente escolar, para os alunos que não estão satisfeitos, pode ser uma motivação, e não uma desvantagem, como veem muitos pais, já que a mudança de ares pode indicar novas ideias, no caminho para um trabalho melhor.
O que um pai não deve fazer é, percebendo que seu filho vai mal nos estudos, que o colégio está muito forte para ele, é insistir em mantê-lo ali. Isso só vai desestimulá-lo, provavelmente será vítima de bulling pelos colegas e ainda correrá o risco de tomar bomba. Fiquem atentos, a hora é agora.
Isabela Teixeira da Costa