Em tempos de crise e demissões é muito importante manter um bom clima dentro da empresa, apesar de difícil, é possível.
Os últimos números divulgados pelo IBGE apontam que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,6% entre fevereiro e abril deste ano. São mais de 14 milhões de trabalhadores em busca de recolocação profissional no país. Apesar disso, há sinais de desaceleração do desemprego, uma vez que no semestre encerrado em abril de 2016, o aumento do número de pessoas procurando emprego com relação ao ano anterior foi de 42%. Neste, foi de 23,1%.
O fato é que as ondas de demissões e as notícias recorrentes de cortes de vagas ou de programas de demissão voluntária em empresas dos mais variados setores contribuem para que um clima de medo se instale entre os profissionais. A situação fica ainda mais crítica se a empresa estiver incluída no cenário complicado.
Como amenizar ou melhorar o clima nas empresas, especialmente naquelas em que as demissões vêm ocorrendo? Qual o sentimento dos colaboradores que ficam diante de um grande corte realizado pela empresa? Veja as dicas do consultor da Thomas Case & Associados para que as pessoas possam se sentir seguras para desenvolverem um trabalho de qualidade e muito bem executado, a fim de garantir a produtividade.
A prática tem demonstrado é que há uma relação direta entre o clima do ambiente de trabalho, a produtividade, a capacidade de inovação e, consequentemente, a lucratividade. Clima organizacional é a qualidade do ambiente que é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento. Somos induzidos pelo clima organizacional e, ao mesmo tempo, o instigamos. Assim, se a cultura organizacional for íntegra, esse ciclo amplificará comportamentos construtivos, gerando mais produtividade com qualidade de vida. Mas se a cultura for deficiente, o ciclo de influências arrastará a empresa para comportamentos cada vez mais destrutivos, prejudicando a produtividade, desgastando as pessoas e os seus relacionamentos.
Para Marshal Raffa, diretor executivo da Thomas Case & Associados, todos os profissionais já passaram por vários momentos dentro das organizações. “Momentos de sucesso, momentos difíceis, crises, demissões, contratações, fusões, ganhos, perdas, instabilidades, medos, coragens e muitos outros sentimentos que vivemos em nosso dia a dia. Esses sentimentos são os que motivam alguns profissionais e nem tanto a outros. Cada um lida com cada situação de sua maneira. Não existe “receita de bolo” para se trabalhar e obter resultados, mas temos sim que ter um planejamento em tudo que realizamos para minimizar impactos negativos e facilitar os caminhos para o sucesso”, avalia o executivo.
Para o profissional, este é o papel do RH moderno: saber lidar com o desafio de vivenciar crises é cada vez mais rotineiro e cabe ao profissional da área transformar tudo em oportunidade. Na visão do especialista, motivar os colaboradores em momentos de demissões começa com a transparência na comunicação. “Quanto mais somos francos e diretos com nossas equipes, mais eles interagem com o momento e assimilam de forma menos traumatizante. Em muitos casos, vivenciamos em projetos em que centenas de trabalhadores foram dispensados, mas de forma honesta, respeitosa e transparente, que os próprios desligados entenderam o momento do mercado e da empresa e aceitaram, mesmo com o sentimento de perda, de forma menos traumatizante, pois viram na empresa a sensibilidade e o respeito pelos seus colaboradores e familiares. Isso faz com que os remanescentes se mantenham motivados e aumentem o desejo de continuar em uma organização que respeita o Ser Humano em primeiro lugar”, explica.
Quando todos sabem das dificuldades que estão vivendo, o engajamento sempre é muito maior e os resultados da crise são novas ideias, motivação e oportunidades. Claro que nem todos recebem as notícias da mesma maneira, mas quando o trabalho é feito com planejamento e transparência na comunicação, o resultado tende a ser positivo. “O retorno é especialmente melhor quando os profissionais visualizam na direção, a preocupação e os mesmo anseios que eles sentem. Fica muito mais fácil o diálogo. Portanto, enfrentar de cabeça erguida e dividindo o peso significa dividir os anseios e aumentar a chance de novas alternativas”, afirma Marshal.
O especialista em transição de carreiras elencou, algumas dicas importantes para lidar com a situação:
- Faça do planejamento um exercício diário;
- Planeje a comunicação e o impacto;
- Mostre sem melindre o momento da empresa, dificuldades e expectativas positivas;
- Abra um canal com seus colaboradores;
- Traga o voluntariado para o engajamento;
- Faça cafés com a diretoria (isso surpreenderá os profissionais);
- Não espere o sindicato – leve suas ideias e preocupações a eles;
- Saiba ouvir mais perguntando os interesses e medos de cada um;
- Participe mais do dia a dia do “chão de fábrica” e mostre que a empresa está ao lado dos colaboradores e que eles precisam também do engajamento de todos para superar o momento;
- Estimule ideias com campanhas;
- Seja arrojado e incentive treinamentos e desenvolvimentos de equipe e individuais;
- Transforme a cultura da empresa em uma relação, mesmo que profissional, em uma relação de confiança;
- Sempre respeite os seus colaboradores da mesma forma como você espera que eles respeitem a empresa e seus valores.