Educação financeira para crianças

É muito importante que as crianças comecem a receber educação financeira desde cedo, tanto em casa quanto nas escolas.

Ilustração Son Salvador

Uma coisa que não é muito ensinada às crianças é como lidar com o dinheiro. Ano passado, estava ajudando na pescaria de uma festa junina e reparei em um pai negociando com o filho. O menino de uns 6 anos, já havia jogado várias vezes e queria mais. Foi pedir dinheiro ao pai que na mesma hora questionou sobre o montante que a criança tinha. O pequeno levou a mão aos bolsos, revirou cada um deles, recolheu as moedinhas e as poucas notas que restavam. Contou uma a uma e então travaram um diálogo de somas e diminuições em cima da mesada, e do valor gasto. Depois, o pai questionou se o filho realmente queria jogar, e se vala a pena entrar na semanada que ainda iria receber. Se assim fosse, que ele emprestaria e descontaria depois.
Fiquei impressionada e depois que o pequeno se afastou, perguntei ao pai – que conheço bem e sei que se trata de pessoa de posses –, o por quê de tanta conversa em vez de simplesmente ar mais R$ 2, que era o valor da pescaria, para o menino divertir. Ele explicou que era a forma que tinha encontrado de ensinar controle financeiro para o filho, pois nas escolas eles não aprendem e é importante saber dar o devido valor ao dinheiro e saber que não se pode gastar mais do que tem.
Achei muito interessante. Conheço dezenas de pessoas que não tem controle, gastam mais do que podem porque não aprenderam, desde pequenos, a controlar o caixa. Vivemos em um mundo onde o consumismo é alto. Saber o que é prioridade é fundamental para que as finanças estejam em ordem. Educar é preparar para os desafios da vida, principalmente se tratando de dinheiro. Por isso, é importante que desde cedo, as crianças saibam o valor das coisas.
Segundo o professor e educador financeiro, Aender Pereira, é essencial não as deixar os filhos repetirem os erros cometidos pelos pais quando o assunto é dinheiro. O modelo do dinheiro que recebemos é o responsável direto pelo nosso comportamento, pelo menos no primeiro momento em relação às nossas escolhas financeiras. De acordo com o especialista, a mesada pode ajudar nesse processo. Ela seria um “salário”, no qual a criança terá que aprender a administrar, com a orientação de um adulto educado financeiramente. Assim, se o dinheiro acabar, a criança pode fazer um empréstimo com os pais a ser descontado na próxima mesada. Isso o fará ter a percepção de um impacto em suas ações sem controle no mês anterior.
O ideal seria as escolas ensinarem a lidar com o dinheiro, no início de forma lúdica e depois do 7º ano com uma didática mais realista com exemplos reais, uma vez que jovens a partir de 13 anos hoje em dia, já possuem um amadurecimento que permite essa abordagem. No ensino médio, o aluno do 3º ano está nas portas da faculdade e do mercado de trabalho, assim, é preciso ser cirúrgico com a educação financeira, antes que eles financiem um carro ou um apartamento e já comecem suas vidas endividados ao invés de ir atrás de liberdade financeira.
O interessante é que muitos jovens hoje, já investem e aplicam seu dinheiro nas moedas virtuais como o bitcoin, litcoin, feathercoin, peercoin, terracoin e outros tantos que estão na rede. Cada vez esse negócio tem ganhado mais adeptos e o volume que está circulando cresce a cada dia e as moedas já estão rendendo, valorizando, caindo, sendo negociadas e levando jovens e adolescentes a serem possuidores de montantes surpreendentes. Mais um motivo para receberem essa educação financeira ainda mais cedo. A evolução tecnológica não para e os jovens estão inseridos nela.

Isabela Teixeira da Costa

Artigo publicado no caderno EM Cultura do Estado de Minas

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