Diagnóstico do câncer de mama

Pesquisa recente põe mais uma questão sobre a obesidade: a dificuldade na detecção nos estágios iniciais do câncer de mama.

Ilustração Lélis

Há alguns anos, em conversa com o chefe da oncologia da Rede Mater Dei, Enaldo Melo de Lima, ele disse que estavam tratando o câncer como epidemia, em função do crescente aumento de casos da doença.
Existe uma corrente que acredita que já descobriram o remédio que cura o câncer, porém a forte indústria farmacêutica não permite que ele seja colocado em escala comercial. Outros creem que o tal medicamento ainda está fase de testes.
Pelo sim ou pelo não, as pesquisas sobre a doença não param, tanto para descobrir as causas como para achar formas de prevenção. O mais recente estudo sobre o tema vem da Suécia e sugere que mulheres obesas precisam realizar mais mamografias, uma vez que é mais difícil detectar tumores pequenos nessas mulheres. Entretanto, vários especialistas questionam se a realização de mais exames ajudaria na questão.
O respeitado Instituto Karolinska foi o responsável por apresentar o resultado do estudo feito entre 2001 e 2008, com mais de 2 mil mulheres diagnosticadas com câncer de mama, em Estocolmo, na Suécia, durante o encontro anual da Sociedade Radiológica da América do Norte. O objetivo era entender por que muitas só eram diagnosticadas com a doença quando o tumor já estava grande. A conclusão foi de que o índice de massa corporal (IMC) acima dos 30 e a densidade das mamas estão relacionados a isso.
Os pesquisadores continuaram acompanhando as pacientes até 2015 e constataram que o tumor nas mulheres obesas e com mama densa era detectado com o tamanho maior do que 2 centímetros. É um parâmetro importante, pois é o que separa o estágio 1 da doença, do 2.
Segundo o radio-oncologista Leonardo Chamon, faltam evidências que provem que, se diminuírem os intervalos das mamografias nessas mulheres, conseguirão fazer diagnósticos mais precoces. A princípio, pode parecer algo lógico e óbvio, mas não foi comprovado por pesquisas.
De toda forma, caso o exame encontre lesões que precisem ser acompanhadas, os intervalos entre a mamografia podem ser mais curtos do que os habituais. Assim, definem as imagens que podem ser monitoradas e as que necessitariam de biópsias para esclarecimento.
Para o mastologista Luís Cláudio dos Santos, do Hospital Felício Roxo, diante da dificuldade em interpretar uma mamografia por causa da densidade aumentada ou por se tratar de mamas muito volumosas, devemos associar outros métodos no rastreamento, como a ultrassonografia ou a ressonância nuclear magnética – esta última apenas em condições excepcionais, como mutação genética patogênica comprovada.
Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rotina seja feita na faixa etária entre 50 e 69 anos, uma vez a cada dois anos. Mulheres com maior risco para desenvolvimento de câncer de mama – com histórico familiar (parentes de primeiro grau), com determinadas mutações genéticas ou que foram expostas à radiação ionizante (radioterapia) antes dos 35 anos – devem ser avaliadas individualmente para decidir com um especialista sobre como será sua rotina de mamografias.
Muitos profissionais da área concordam com a sugestão da American Cancer Society (ACS), de que sejam realizadas mamografias anuais após os 40 anos e uma mamografia base entre 30 e 35 anos.

Isabela Teixeira da Costa

Coluna publicada no caderno EM Cultura do Estado de Minas

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