Distúrbios do sono são mais graves do que parecem
Cuidado com a apneia do sono e com o ronco.
Pessoas que roncam muito e sofrem de distúrbios respiratórios durante o sono têm uma probabilidade quase cinco vezes maior de morrer de câncer, segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA).
A pesquisa analisou dados de mais de 1,5 mil pacientes que participaram de um estudo sobre Distúrbios Respiratórios Obstrutivos do Sono (DROS) ao longo de 22 anos. A forma mais comum de DROS é a apneia obstrutiva do sono, na qual a respiração é bloqueada deixando a pessoa sem ar, provocando interrupções no sono durante a noite. O distúrbio é associado a problemas como obesidade, diabetes, pressão alta, ataques cardíacos e derrames.
Os participantes do estudo passaram por testes a cada quatro anos, que incluíam análises de sono e respiração. Os resultados mostraram que a probabilidade de morte por câncer aumentava drasticamente de acordo com a gravidade do distúrbio – pacientes com uma forma leve de DROS tinham uma chance muito pequena de morrer por câncer, enquanto que pacientes com uma forma moderada de DROS tinham uma chance de morte duas vezes mais elevada. Já naqueles com distúrbios graves de respiração, o risco aumentava 4,8 vezes em comparação com aqueles que não sofrem com o problema.
No último fim de semana, o pastor Domingos Jardim, de Goiânia, esteve em nossa igreja e contou que roncava muito pelo nariz. Sua mulher disse para ele procurar um médico e quando foi ver, estava com câncer enorme, inoperável. Fez quimioterapia, mas os médicos já tinham dado a ele dois ou três meses de vida. Deus operou um milagre e ele está vivo há mais de dez anos. Totalmente curado. Mas, a questão é um ronco pelo nariz, foi o sintoma de um tumor maligno.
Os autores acreditam que a correlação pode ser explicada pelo suprimento inadequado de oxigênio durante a noite nos pacientes com o distúrbio. Testes anteriores em laboratório já haviam mostrado que a interrupção intermitente da respiração leva a um crescimento mais acelerado de tumores, já que a falta de oxigênio estimula o crescimento de vasos sanguíneos que nutrem os tumores.
Os principais sintomas da apneia são ronco, sonolência excessiva durante o dia, falta de memória, problemas de concentração, irritabilidade e dores de cabeça. Em casos mais severos, a doença pode levar à morte por parada cardíaca. Caracterizada pelo fechamento repetitivo da passagem do ar pela garganta durante o sono, a apneia pode interromper a respiração por até 40 segundos. Essas paradas respiratórias fazem com que a pessoa acorde várias vezes durante a noite, prejudicando o descanso.
“Durante o dia, a pessoa sente uma sonolência excessiva enquanto assiste à TV, a uma palestra ou mesmo enquanto dirige”, explica a médica Cristina Jardelino do Centro de Deformidades da Face. “Outros sintomas são falta de concentração, fadiga, alteração de humor, perda de memória e libido”, completa. Pacientes com mais de cinco paradas respiratórias por hora de sono já são diagnosticados com apneia. Quando esse número sobe para trinta o caso é considerado grave. Apesar de ter uma maior incidência em homens, a apneia noturna pode também afetar mulheres na menopausa ou qualquer pessoa que tenha problemas respiratórios no nariz. As chances de desenvolver a doença aumentam em pessoas que tenham problemas nasais, com peso ou que consumam álcool.
“Por ser uma interrupção da passagem de ar pela garganta durante o sono, a apneia pode ainda ser causada por um encaixe errado dos dentes ou pela deformidade de posicionamento da mandíbula ou maxilar. Tais alterações são melhor corrigidas por meio de uma cirurgia que reposiciona os maxilares e cria uma via aérea maior, permitindo que o indivíduo respire melhor”, explica Maurity.
Crianças e adolescentes com problemas nasais ou com alergia respiratória também podem desenvolver a apneia do sono. A diferença é que nas crianças, a apneia se manifesta com uma hiperatividade. Com a doença elas tendem a ir mal na escola, por ficarem irritadas e com dificuldade de concentração. Podem ter ainda uma dificuldade de crescimento, uma vez que o hormônio do crescimento é produzido durante o sono. No entanto, quando a apneia é tratada, a produção do hormônio GH, responsável pelo crescimento, volta ao normal.
Isabela Teixeira da Costa