A nova moda: cirurgia para diminuir bochechas

Credito:Instagran/Reproducao - Megan Fox
Credito:Instagran/Reproducao – Megan Fox

A bichectomia está entre as preferidas dos homens e mulheres, mas é preciso pensar no futuro.

O Brasil é líder mundial em cirurgias plásticas, somando mais de 1,5 milhão de operações por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. É exatamente por isso que temos os melhores cirurgiões do mundo. As mulheres são responsáveis por 88% das operações estéticas feitas no país. Já falei várias vezes aqui que a campeã é a cirurgia de mama, porém, com um nome bem estranho, está despontando a bichectomia, redução das bochechas, muito comum nos Estados Unidos e que chegou ao Brasil há poucos anos.  Em 2014, eram realizadas cerca de 10 bichectomias por mês no país, em 2015, esse número subiu para 30 por mês.

O nome vem das bolas de bichat, bolsas de gordura que ficam na bochecha, entre a maçã do rosto e a mandíbula, pesam entre 8 e 12g e são retiradas na cirurgia, com corte interno. Com isso o rosto fica mais fino, angulado e alongado, realçando as estruturas ósseas, como o contorno da mandíbula.

Credito:Instagran/Reproducao - Megan Fox
Credito:Instagran/Reproducao – Megan Fox

Qualquer adulto pode fazer essa cirurgia. A anestesia é local, com leve sedação. A liberação do paciente é feita no mesmo dia. O ideal é que o procedimento seja executado por um cirurgião plástico, apesar de outros profissionais já estarem oferecendo o serviço, como cirurgiões dentistas.

O pós-operatório não é complicado. Normalmente ocorre um inchaço na região, devido ao corte cirúrgico, que pode ser tratado com compressas de água fria. É fundamental uma boa higiene oral, comer alimentos macios nos primeiros dias evitando os cítricos que podem causar maior desconforto, e  fazer uso de anti-séptico várias vezes ao dia. O uso de protetor solar com fator de proteção maior do 30 é muito importante.

Um dos problemas é que não se fala muito dos riscos da cirurgia. A região onde estão localizadas as bolas de Bichat está próxima de duas das ramificações do nervo do trigêmeo, o ramo maxilar (que acompanha todo o maxilar superior) e o ramo mandibular (que acompanha o maxilar inferior). O nervo do trigêmeo controla as sensações que se espalham pela face, enviando-as como mensagens ao cérebro. Caso o médico seja inexperiente e danifique esse nervo, o paciente pode ficar com fortes dores no rosto o resto da vida – quem sofre com problema do trigêmeos ou conhece alguém que sofra sabe do que estou falando –, ou pior ainda, como paralisia facial.

Megan Fox em 2003, antes da cirurgia Foto Jeffrey Mayer/WireImage
Megan Fox em 2003, antes da cirurgia Foto Jeffrey Mayer/WireImage

Outro ponto controverso da cirurgia que poucas pessoas falam é que alguns profissionais combatem a bichectomia alegando que essa região do rosto costuma perder gordura com o passar da idade e a retirada dessas bolsas de gordura pode acarretar em uma aparência mais envelhecida, principalmente se for total.

Semana passada fui, com um amigo, à Clínica da Pele, do dermatologista Rodrigo Maia, porém em um novo projeto que lançou do qual falarei em outro momento. Conversando com Luiz Diniz, um dos médicos da equipe, meu amigo foi logo falando da bichectomia e manifestando seu interesse em fazê-la. O dr. Luiz respondeu na hora: “Pode fazer, depois de alguns anos você virá aqui”. Não entendemos e perguntamos o que estava falando.

A explicação complementou muito bem a controvérsia da cirurgia. “Esta cirurgia será um grande ganho para os dermatologistas no futuro. Todos que estão tirando as bolas de Bichat hoje, quando ficarem mais velhos virão fazer preenchimento. O rosto afina nesta região com o avançar da idade, se retira agora, no futuro terá que repor de alguma maneira”, diz Luiz Diniz.

Vale a pena refletir bem antes de optar por tal intervenção.

Isabela Teixeira da Costa

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