Origem dos ditados populares
Muitas vezes falamos ditados populares sem saber sua origem. Hoje, explico alguns.
Ontem, estava em uma reunião na empresa, e quando conversava sobre um determinado assunto eu disse: “aí eu fique na mão de calango”. Imediatamente um outro participante na da reunião perguntou de onde tinha surgido esse ditado.
Passamos a fazer conjecturas sobre o ditado. Eu disse, sem conhecimento de causa, que o significado é ficar sem nada, e que deveria ser porque os calangos só andam com a mão aberta, eles não seguram nada apertando as mãos.
Porém, curiosa como sou, decidi fazer uma pesquisa e encontrei várias explicações, qual é a verdadeira, eu não sei, mas uma delas é realmente o que eu imaginava. Para os curiosos como eu, segue as explicações desse ditado e de outros tantos que resolvi entender melhor:
Nas mãos de calango
- Estar nas mãos de calango significa estar na pior, numa situação ruim, sem dinheiro, duro.
- Segundo o Dicionário Informal, é quando algo esta escorrendo pelas mãos, quando você está perdendo as coisas rapidamente. Mão de calango não segura nada.
- Calango é um tipo de camaleão que muda de cor. Uma mão que muda de cor a cada circunstância… significa uma pessoa falsa, hipócrita etc. (coitado do calango)
Há quem diga que é a pessoa “em situação difícil”, seja por falta de dinheiro ou como a gente diz aqui também, deixou de “calças curtas”. Sem jeito, envergonhado, acabrunhado, ferrado. - A expressão “na mão de calango”, comum no sertão do nordeste se refere à situação daquele que está nas mãos de quem não vai largar de jeito nenhum e será devorado sem dó nem piedade. O calango põe a mão sobre a presa e ela não consegue sair.
Abraço de urso – Um abraço significa demonstração de amizade e afeto. Já a expressão significa puro fingimento ou traição. É que é da natureza do urso fazer isso, só que, nessa hora, ele prepara é um ataque que pode levar a pessoa abraçada à morte.
Acordo leonino – Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem. A sua origem vem das fábulas, onde o leão se revela como todo-poderoso.
Com o rei na barriga – Refere-se a uma pessoa que dá muita importância a si mesma. A expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, eram tratadas com especial cuidado, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos.
Agora é que a porca torce o rabo – Significa que se chegou a um ponto máximo da problemática de algum processo, seja qual for. É o momento mais difícil, mais crucial de um problema, O berço da expressão vem do comportamento instintivo dos suínos. Quando em estresse, na defesa de suas crias, eles enrolam ou torcem o rabo como sinal de sua fúria e partem para cima do agressor.
Cuspido e escarrado – Sua origem é esculpido em carrara, um tipo de mármore usado para esculpir e que deixa as peças mais perfeitas, idênticas ao modelo usado. Significa muita semelhança entre duas pessoas.
Casa da mãe Joana – Encontrei dois significados:
Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja proprietária se chamava Joana. Como, fora dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.
Significado: Onde vale tudo, toda gente pode entrar, mandar, fazer o que quiser, etc.
Histórico: Esta vem da Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “Que tenha uma porta por onde todos entrarão”. O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao ir para o Brasil a expressão mudou para “Casa da Mãe Joana”.
Chorar pitangas – O nome pitanga vem de pyrang, que, em tupi, significa vermelho. Portanto, a expressão se refere a alguém que chorou muito, até o olho ficar vermelho.
Conto do vigário – Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de determinada santa, e, para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto para uma delas… Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burrico, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.
Da cor de burro quando foge – O ditado original era “corra de burro quando (ele) foge”, que era um aviso de perigo próximo e iminente.
Dar com os burros n’água – A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde alguns dos burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.
De cabo a rabo – Conhecer algo do começo ao fim. Durante o período das grandes navegações portuguesas, era comum se dizer total conhecedor de algo, quando se conhecia este algo de “cabo a rabah”, ou seja, como de fato conhecer todo o continente africano, da Cidade do Cabo ao Sul, até a cidade de Rabah no Marrocos (rota de circulação total da África com destino às Índias).
Ideia de jerico – Na região Nordeste, Jerico é o mesmo que mula. A expressão, então, designa alguma ideia tola, já que, figurativamente, jumento é o mesmo que indivíduo imbecil.
Lágrimas de crocodilo – É uma expressão usada para se referir ao choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.
Quem não tem cão caça com gato – Significa que, se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra. Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou seja, sozinho, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.
Feito nas coxas – Remete aos consertos dos telhados de antigamente já que, quando se quebrava alguma telha, o escravo pegava o barro e refazia essa telha nas coxas para que ela ganhasse o formato arredondado. Porém, ela não ficava igual a outras, então, é por isso que a expressão passou a designar coisas feitas sem modelo prévio ou devido cuidado.
Isabela Teixeira da Costa
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