Escolha de vida

Todos passamos por problemas, como vamos enfrentá-los, encarar a vida e escolher como viver depende de cada um.

Tenho uma amiga das antigas que gosto muito e passei a admirar mais ainda nos últimos tempos. Fomos colegas de colégio e passamos a adolescência e juventude juntas. Éramos muito ligadas mesmo. Infelizmente, depois dos 20 e poucos anos, por causa do rumo da vida toma – entrada em universidades diferentes, ingresso na vida profissional, etc –, acabamos nos distanciando bastante. Porém, de uns tempos pra cá voltamos a conviver de forma mais próximas, para minha grande alegria.

Coloquei um apelido carinhoso nela (e, tenho que confessar, bastante debochado), só entre nós duas: amiga hiena, porque dizem que a hiena ri da desgraça plena. O ex- estilista e apresentador Clodovil Hernandez definiu muito bem o animal quando disse “hiena come merda, faz sexo uma vez ao ano e ri o tempo todo”. Minha amiga é assim, apesar de todas as adversidades que passou na vida é uma pessoa completamente feliz e alegre. Ela escolheu ser assim. E sua alegria contagia a todos que convivem com essa criatura única.  Se estiver pra baixo e encontrar com ela, rapinho vai estar de alto astral.

Como ficamos muitos anos privadas do convívio próximo, consequentemente não acompanhei o que passou na vida adulta. Sei que quando era adolescente namorou firme um amigo nosso, por anos, chegou a ficar noiva. Ele aprontava todas com ela, o que a maioria dos rapazes faz, deixa a namorada em casa e vai pra farra, depois dava uma desculpa porca, jogava a lábia e conseguia engrupir a coitada, que acabava perdoando. Eu sempre pensei que esse excesso de perdão era em função do grande amor.

Outro dia saímos, eu, ela e uma outra grande amiga da mesma época e acabamos compartilhando nossas experiências. Só aí fiquei sabendo o quanto ela sofreu nas mãos dele, muito mais do que eu poderia imaginar. Aí entendi todo aquele perdão e percebi que não passava de baixa autoestima somada a uma “culpa” e um sentimento de “obrigação” de ficar com ele. Graças a Deus, em um momento da vida a ficha caiu e ela conseguiu se posicionar e sair fora.

Hoje, é uma mulher casada, excelente mãe, ótima profissional, pessoa de caráter e personalidade, porém, infelizmente, não conseguiu ter uma vida completamente realizada. Apesar de se dar muito bem com o marido, continua enfrentando problemas, dos quais não consegue se desvencilhar, mesmo assim, é uma mulher resolvida e decidiu extrair o lado bom de tudo.

Aprendeu a se dar bem com o marido, apesar de ele simplesmente não querer trabalhar. Opção de vida, emprego: viver às custas da mulher. E não é por falta de capacidade, é por preguiça mesmo, pois ele é profissional liberal. Se ela quiser separar dele ainda vai ter que pagar pensão pro bacana. Pode??? Isso me dá nos nervos, mas ela sublimou tudo isso, decidiu ser feliz, viver bem em família. E quem a conhece sabe que suas atitudes são sinceras, não é fingimento. É escolha e opção de vida.

Uma atitude assim é exemplar e invejável. Penso que deveríamos nos espelhar nessas pessoas. Acho a vida seria mais leve e fácil de levar.

Isabela Teixeira da Costa