Hepatite C está mais presente do que se imagina

A Hepatite C é de fácil contágio, é silenciosa e mais mortal, transmissível e infeccioso do que o HIV. A boa notícia é que pode ser tratada com bons resultados.

 

O vírus da Hepatite C é desconhecido para a maioria das pessoas. Por ser uma doença silenciosa, pode causar doença sistêmica. É comprovado que é mais mortal, transmissível e infeccioso do que o HIV. Estima-se que no Brasil existam entre 1,4 e 1,7 milhão de portadores de Hepatite C. A maioria desconhece seu diagnóstico e poucos sabem como ocorreu a transmissão ou que exista tratamento para a doença.

A busca agora, é para conscientizar a população sobre prevenção, proteção e a necessidade de fazer o teste da Hepatite C. 80% dos portadores da doença têm mais de 40 anos de idade.

“Como o vírus só foi descoberto em 1988, os comportamentos e fatores de risco eram até então desconhecidos, o que favorecia infecções”, comenta Nelson Cheinquer, médico da Gilead no Brasil, biofarmacêutica que tem a Hepatite C (HCV) como uma de suas principais áreas terapêuticas de pesquisa e desenvolvimento.

Pelo fato da doença ser assintomática em 80% dos casos, ela se torna um problema de saúde pública, pois pode levar décadas para dar sinais e, quando se manifesta o estágio de comprometimento do fígado já está avançado.

Dra. Rosângela Teixeira

A maior especialista e grande pesquisadora e estudiosa do assunto é de Belo Horizonte e trabalha no Hospital das Clínicas, dra. Rosângela Teixeira (apesar do sobrenome , infelizmente não é minha parente). É impressionante sua dedicação pela profissão e pelos pacientes, que trata gratuitamente, sem distinção. Conheci Rosângela, pois tive três casos dessa doença bem próximos a mim, um primo, com a HCV e um tio com Hepatite B, ambos dentistas e pescadores. Hoje, estão curados graças à dra. Rosângela. Meu primo precisou fazer transplante do fígado e a dra. Rosângela foi quem ajudou em tudo, sem medir esforços. A terceira pessoa foi uma ex-empregada que descobriu a doença quando ficou grávida do seu segundo filho. Corri atrás de Rosângela Teixeira e ela cuidou tão bem do caso que o menino não foi contaminado pela doença.

A Hepatite C é a maior causa de cirrose, câncer e transplante de fígado no mundo. A HCV pode desencadear uma doença sistêmica. Estudos comprovam que o vírus aumenta os riscos do aparecimento de outras doenças como a Diabetes do tipo 2 e Linfoma.

O HCV é transmitido por contato com sangue infectado, sendo que os principais meios de transmissão são reutilização e esterilização inadequada de equipamentos médicos e outros, como por exemplo, os instrumentais usados por manicures; compartilhamento de seringas e agulhas, práticas sexuais de risco e transmissão vertical (da mãe para o filho). “Levar o próprio material para a manicure, utilizar seringas e agulhas descartáveis e usar preservativos em práticas sexuais de risco são medidas efetivas de proteção contra infecções”, explica Cheinquer.

O fato de ser tão transmissível se dá pela capacidade de sobrevida do vírus. Fora do corpo, permanece vivo por até quatro dias, podendo chegar a quase dois meses quando em ambiente fechado, como no interior de uma seringa, por exemplo.

Ainda no comparativo com o HIV, outros dois dados surpreendem. Desde 2007, a taxa de mortalidade por HCV supera a do HIV. Só no Brasil, calcula-se em torno de 3 mil mortes associadas à Hepatite C anualmente.

O bom é que a doença tem alta taxa de cura, inclusive quando descoberta em seu estágio mais avançado. “Mesmo pessoas com cirrose ou descompensação do fígado podem ser tratadas e o vírus erradicado. Nesses casos, contudo, o paciente pode precisar de outros tratamentos complementares”, afirma Cheinquer.

Esse problema é evitável com a descoberta e início do tratamento rápido, se necessário. “Mesmo que você não se enquadre em nenhum dos fatores de risco, deveria fazer o teste para Hepatite C pelo menos uma vez. É inclusive uma recomendação do Conselho Federal de Medicina que todos sejam testados”, recomenda o médico. “Agora, se você tem ou teve alguma das experiências que configuram risco – uso de drogas injetáveis, práticas sexuais de risco desprotegidas, etc –, é recomendado que faça o teste anualmente ou até a cada semestre”, completa.

Isabela Teixeira da Costa

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