A hora e a vez da comunicação

Comunicar e se fazer entender da forma correta é uma das tarefas mais difíceis que existe.

Ilustração Marcelo Lélis

Vivemos a era da comunicação. O mundo uma efervescência nessa área e, apesar de todos os novos canais de informações que surgiram com o avanço tecnológico isso não resultou em uma facilitação para a comunicação.
Quem lembra do telefone sem fio, brincadeira antiga de criança, que divertia a turma? Uma pessoa falava uma frase no ouvido de alguém, que passava para o colega do lado e de ouvido em ouvido a frase ia caminhando até chegar ao último da fila que, em voz alta repetia o que havia ouvido. Sempre a frase era completamente diferente da original.
E é assim com a comunicação. Quem fala algo, espera que o outro entenda exatamente o que foi dito, infelizmente nem sempre é assim. Depois do surgimento de e-mails, messenger, WhatsApp, aí que o sentido da mensagem mudou mais ainda. Simplesmente porque quem lê, imprime ao recado a intenção e entonação que deseja, e sendo assim, muitas vezes um inocente recado toma proporções gigantescas e até inicia uma briga ou discussão.
E ainda tem aquelas pessoas que sempre acham um duplo sentido em tudo o que o outro fala. E não adiante explicar que você não teve segundas intenções. A pessoas insiste em dizer que mesmo no subconsciente você está mandando mensagens ocultas nas entrelinhas e quem sabe ler essas entrelinhas recebe a mensagem. Aí não tem jeito. O melhor é largar para lá e se possível, parar de falar, porque o diálogo sempre será complicado, já que que você vai falar A e a pessoa vai entender a letra que bem lhe convier.

Muita gente reclama do excesso de canais de informação, mas isso é chover no molhado, afinal, eles não diminuirão, afinal, é caminho sem volta, o que pode ocorrer é aumentar ainda mais. E com isso vem mais mensagens, mais e-mails e mais trabalho para triagem.
Segundo o especialista em comunicação verbal, Reinaldo Passadori, se a nossa forma de compreender o mundo e os meios de se relacionar com os outros está mudando na medida em que a comunicação se torna mais importante e mutante, precisamos perceber e desenvolver nossas capacidades de acordo com as novas ferramentas.
O profissional destaca alguns pontos importantes, ou dimensões, no processo de comunicação. O primeiro é a comunicação intra pessoal, que tem a ver com a “ponte” que uma pessoa estabelece consigo mesma e até onde ela é capaz de trabalhar o seu comportamento e transformar a timidez em força para se expressar com confiança e entusiasmo.
A segunda dimensão é a interpessoal, que engloba o diálogo, a empatia, a importância do feedback, o elo com nosso interlocutor. Não podemos ignorar o “como” dizer as coisas. E também a comunicação corporal, afinal, nossos gestos, expressões faciais e sinais são importantes para as mensagens sem palavras.
A dimensão técnica tem a ver com os recursos para uma comunicação adequada aos ambientes e circunstâncias, isto é, o ambiente ou ferramentas como aplicativos, audiovisuais, etc. É na dimensão intelectual que a produção dessa comunicação assume destaque quando somos capazes de planejar e preparar com propriedade as nossas apresentações. Por último, a dimensão espiritual se refere ao cultivo dos nossos valores para a busca de uma liderança pessoal e exclusiva.
Como você pode perceber, e foi muito bem apontado por Passadori, a comunicação nem é um bicho de sete cabeças, mas também não é simples. Hoje, somente com este mergulho que percorre as dimensões da comunicação poderemos aplicá-la à vida e ao trabalho. A comunicação desenvolvida tem poder suficiente para provocar mudanças positivas  pela ética e pela dignidade.

Isabela Teixeira da Costa

Coluna publicada no caderno EM Cultura do Estado de Minas