Feliz Dia das Crianças

childrens-daySe no lugar do brinquedo você encher a criança de amor, presença e diversão, tenho a impressão de que o efeito será melhor.

Coisa boa é criança. Alegra uma casa e uma família inteira, traz um novo colorido à vida. Uma vez alguém me disse, não me lembro quem, que se uma pessoa não gosta de criança ou de animal é para abrir o olho, porque boa coisa não é. Pura verdade. Um ser humano que não gosta de criança nem de animal é para ficar com os dois pés atrás. São dois seres puros de coração, indefesos e para alguém não gostar de nenhum dos dois… Sei não… Tem gente que não gosta de bicho, mas é doido com criança e tem gente que não é chegado em criança, mas, por outro lado, gosta muito de animais, aí uma coisa compensa a outra, mas não gostar de nenhum deles me deixa com uma pulga enorme atrás da orelha.

Hoje é comemorado o Dia das Crianças. Um dia lindo, pois celebra a idade da pureza de coração. E como esses pequenos se divertem com todas as atenções voltadas para eles. É sabido que este dia foi criado pelo comércio para vender brinquedos, mas, em tempos de crise, se no lugar do brinquedo você encher a criança de amor, presença e diversão, tenho a impressão de que o efeito será melhor do que um belo brinquedo. Mesmo porque, na vida corrida que os pais têm, o que os filhos menos recebem é a presença integral de quem eles mais amam e, acredito, trocariam um dia inteiro com os pais por conta deles, sem ter que dividir com celular, trabalho etc. Já que falei de tempo e presença, quero comentar uma cena que vi há uns dois anos em uma festa de criança: um casal chegando com três filhos de idades variadas e cada um deles com uma babá. Fiquei pensando que horas os meninos devem ficar com seus pais, que devem trabalhar durante a semana, e no fim de semana os deixam com as babás.

Outro ponto importante que gostaria de abordar neste Dia das Crianças é a educação. Tenho a Bíblia como uma referência na minha vida, e ela traz um versículo muito lindo e importante sobre a educação dos filhos que devemos prestar atenção. Na minha opinião, por uma questão de sabedoria, deveríamos seguir e aplicar na prática: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”, está em Provérbios 22:6. A criação é que faz de cada um o que será e como será. Tudo que se ensina a uma criança ela aprende e guarda. Hoje, vemos vários adolescentes, que são jovens adultos, que não querem levar nada a sério, porque os pais não educaram direito, não colocaram limites ou educaram da forma que achavam certo, e aí, paciência. A escola da permissividade e o discurso de que não pode corrigir levaram os pais a se perderem no caminho da educação e deixaram para o colégio fazer o papel que era deles. Não deu certo, pois escola não educa, ensina.

Fico pensando se não é por essa demora no amadurecimento que os jovens estão se casando mais tarde. Antes, tínhamos filhos com 23, 25 anos, quando o primeiro filho chegava aos 28 ou 30 anos era considerado tarde, hoje os primeiros filhos nascem quando a mãe está com 34 anos ou mais. Teve uma mudança na sociedade e penso que pode ser porque os jovens querem aproveitar mais a vida ou querem se casar com a vida mais estabilizada. Não sei responder. Fica a divagação. Estou aberta a opiniões.

O fato é que as crianças de hoje estão muito mais espertas e inteligentes do que éramos. Penso que é a tão conhecida evolução da espécie. Delicio-me conversando com os pequenos de hoje. São papos com conteúdo, nada infantilizado. Outro dia, uma menina de 9 anos me deu uma aula de como mexer no meu iPhone. Ensinou-me recursos que nunca pensei que existissem no telefone. Minhas sobrinhas-netas mexem no iPad e jogam meus joguinhos melhor que eu, desde que tinham 3 anos de idade. É surpreendente. A mente dessas crianças é uma esponja virgem pronta e ansiosa para absorver tudo o que é ensinado, por isso temos que ter muito cuidado e responsabilidade com o que passamos para elas, e nas mãos de quem vamos deixá-las, pois é impossível ficar com elas em tempo integral, já que pais precisam trabalhar.

Por essas e outras, curtam o dia de hoje com seus filhos, se esbaldem, eles vão amar.

Isabela Teixeira da Costa

Dia do irmão

Os irmãos: Camilo Filho, Renato, Regina, Isabela, Camila e Álvaro, com nosso pai Camilo.
Os irmãos: Camilo Filho, Renato, Regina, Isabela, Camila e Álvaro, com nosso pai Camilo.

Existe o Dia do Irmão, apesar de pouco divulgado, é hoje, 5 de setembro.

 

Me deu uma vontade muito grande de escrever sobre minha irmã. Aí pensei que deveria existir um Dia do Irmão, e se não existisse, que deveria ser criado. Porém, antes de propor tal coisa, decidi fazer uma pesquisa, e não que é descobri que o dia existe.

Apesar de todas as fontes que pesquisei informarem que tal data não existe de forma oficial em nenhum país, descobri que a data foi escolhida no 10º aniversário de morte da Madre Teresa de Calcutá, e teve aprovação da irmã Nirmala, superiora geral das Missionárias da Caridade e sucessora da madre, e também do padre Miguel Elias Alderete Garrido, em 1999.

Por ter sido criada em homenagem a ela, a data é celebrada tanto por irmãos consanguíneos, ou seja, filhos de mesmo pai ou mãe, como também por grandes amigos, que se consideram irmãos. Como diz na Bíblia em Provérbios 18:24: “existe amigo mais chegado que um irmão”. E muitos irmãos em Cristo também comemoram a data.

Fiquei feliz em ver que, apesar de discreta, o dia existe. E é merecido. Sei que irmãos brigam, mas na hora do aperto, é com eles que contamos. Escuto muitos casos de pessoas que não se dão bem com seus irmãos e principalmente de problemas entre irmãs. Sei de casos de extrema rivalidade, de irmãs que deixaram de se falar por causa dos maridos, ou mesmo de competição entre elas porque uma é mais bem-sucedida que a outra. Casos impensáveis, que parecem inverossímeis, mas que são pura realidade.

Não entendo como isso pode ocorrer. Quando ouço caso de briga por causa de herança me arrepio dos pés à cabeça. Custo a crer até onde vai a ganância do ser humano que chega a ignorar laços sanguíneos por causa de dinheiro.

Agradeço a Deus por meus irmãos. Tenho cinco, três irmãos e duas irmãs. Um casal do segundo casamento de meu pai que infelizmente não convivemos muito durante o crescimento, mas nos damos muito bem. São espetaculares. Os outros três, do casamento do meu pai com minha mãe também. Somos bem unidos e nos amamos muito.

Regina e eu
Regina e eu

Porém, com minha irmã Regina é diferente. Êta irmã boa. Combinamos muito, e olha que somos bem diferentes, tanto fisicamente quanto em gostos, e personalidade, mas nos completamos. Sempre que preciso de ajuda ela está a postos, e vice-versa. Por sinal, parece que adivinha quando preciso de ajuda, porque de forma sutil e delicada aparece e começa a ajudar. É preocupada, não deixa de falar comigo quando percebe que estou fazendo algo errado.

Moramos no mesmo prédio, uma em cima da outra, porém nunca desrespeitamos a privacidade de cada uma. Na hora do aperto sei que posso contar com ela. Regina cozinha muito bem, vira e mexe faz uma coisa diferente, especial e sou a primeira a ser chamada para experimentar.

Quando decidiu reformar seu apartamento passou uma temporada na minha casa. Foi ótimo. Que delícia tê-la em minha casa. A companhia foi das mais agradáveis e minha filha e eu passamos bem, porque todo dia tinha uma comidinha diferente para almoço ou jantar.

Não existe disputa, rivalidade, competição. Só amor, amizade e cumplicidade. Fico pensando como as pessoas perdem tempo na vida, tempo que não pode ser recuperado, revivido. Amor de irmã, essa vida de amizade é uma história linda para contar para filhos e netos. Exemplo para dividir, que quem não teve, simplesmente perdeu, pois isso gasta tempo construindo, é a história de uma vida.

Agradeço a Deus, todos os dias, por meus irmãos, e em especial pela Regina.

Feliz Dia do Irmão a todos.

 

Isabela Teixeira da Costa

No sossego do campo com minha mãe

Desfrutando da paz de Deus com minha mãe.

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Minha mãe mora em um sítio. Pode-se dizer  é um lugar privilegiado, pois fica dentro da cidade, mas não se ouve nada. É um sossego só. Como ela costuma dizer: “Estamos na paz de Deus”. É assim mesmo que nos sentimos.

Se pudesse descrever a paz de Deus, acredito que seria desta forma: quando saímos do caos da cidade grande, e assentamos em uma cadeira no jardim, onde podemos olhar para a bela natureza que Ele criou, e ouvir o silêncio, interrompido vez ou outra pelo canto dos pássaros, e uma grande tranquilidade invade nossa alma. Em alguns momentos vem uma brisa suave para quebrar o calor do sol.

 

jardinsÉ muito bom. Nem os problemas conseguem ocupar nossa mente. E ficamos ali, olhando a paisagem e jogando conversa fora. Eu aproveitando a companhia da minha mãe, que está com 89 anos, e, como sofre com o mal de Alzheimer, fala coisas, hora profundas, hora de tamanha ingenuidade que me comove. Dá vontade de rir e ao mesmo tempo me entristece. Um misto de emoções difícil de decifrar e enfrentar.

Certa vez, o médico e amigo José Salvador Silva me disse que o Alzheimer é a melhor doença para o doente e a pior para a família. Nunca vi uma verdade tão verdadeira. Minha mãe está na dela, numa boa, mas como é difícil ver que está deixando de ser a minha mãe.

Isso mesmo, aquela pessoa com quem convivi a vida inteira. Forte, alegre, engraçada, independente, de personalidade, altiva, briguenta, que se posicionava. Simpática, querida por todos, que contava casos e mais casos e mantinha todos em sua volta, rindo muito.

Agora, está frágil, silenciosa, em alguns momentos com olhar perdido e até desapontado porque percebe suas limitações e se sente constrangida. Tem horas que nota seus esquecimentos e se envergonha, porém, tenta despistar. Este desapontamento leva a uma agressividade momentânea que percebemos ser a única defesa que lhe resta. Isso me mata por dentro.

Como fazer? Como blindar tudo isso para não desabar? Como ficar insensível ou não se deixar atingir por tudo isso que vivemos? De onde tirar forças para enfrentar cada dia que notamos uma piora? Como despistar minha tristeza diante dela, quando, abraçada a mim, pergunta onde está sua filha, e sou obrigada a responder: “estou aqui, mãe”, de um jeito que ela não fique desapontada?

A arte de cuidar de uma mãe, pai ou qualquer ente querido nesta situação só se pauta em uma coisa: no amor. O amor nos capacita e nos fortalece. Deus nos deu princípios sábios que devemos seguir e o principal deles foi o amor.

Se lembrarmos do tamanho do amor que nossos pais sentem por nós, e de tudo o que fizeram por nós, com tanto amor, carinho e paciência desde que nascemos, e do tamanho do nosso amor por eles, saberemos que é só uma questão de retribuição, com amor. Continue lendo

Missionários: um trabalho inspirador no sertão

Mandacaru
Mandacaru

Quando o amor a Deus e ao próximo fala mais alto.

Minha filha Luisa se tornou missionária e foi enviada pela Igreja Batista Central, juntamente com a amiga Mariele Amorim, mais conhecida como Bim, para Anagé, no sertão da Bahia, para trabalharem por um período indeterminado, ao lado dos pastores Eliabe e Valneide Silva.

Anagé fica cerca de 40 quilômetros de Vitória da Conquista, e não é um local escolhido por ninguém para dar um passeio. Provavelmente nunca vai escutar alguém dizer: “Oi, vou sair de férias por uns dias e escolhi descansar em Anagé”. Quem vai a um lugar desses? A cidade é pequena, típica de interior. Tem 5 mil habitantes na zona urbana e 20 mil na rural. No inverno, a temperatura fica entre os 24 e 30 graus, com uma brisa agradável à noite.

IMG_0852Porém, quando sua única filha se muda para essa cidade, passar férias nesse lugar se torna o melhor dos paraísos. Foi exatamente isso que eu fiz. E posso dizer que me surpreendi em todos os aspectos. Voltei encantada com tudo o que vi e vivi em Anagé.

As pessoas são amorosas, receptivas. A única coisa que não fiz foi descansar, essa palavra está riscada do dicionário da vida de Eliabe, Valneide, Luisa e Bim. Descanso e mau humor não existem, o que existe é amor, animação, trabalho, disposição e criatividade. Diariamente, eles fazem visitas às famílias e pessoas que precisam por estarem passando por problemas, depressão, tristeza ou por necessidade mesmo.

As visitas são acompanhadas de um bolo feito por elas, ou por uma cesta básica – a maioria das visitas é nas comunidades da região rural, onde impera a pobreza, não há água canalizada e em algumas, nem luz elétrica.

IMG_3297Já ouviu falar que muita gente passa fome? Eu vi a fome na minha frente. Uma mãe, bêbada, carregando seu filho de 10 meses no colo, com síndrome de Down, ainda amamentando. E quando o pastor Eliabe, com muito carinho e amor sugeriu que ela diminuísse a bebida a resposta foi um soco na boca do meu estômago e outro no meio da minha cara: “É que a gente tem que bebê, porque tem muitos dia que num come…”

IMG_3295Claro que esta visita foi acompanhada de cesta básica, leite em pó, Sustagen e roupas. Tivemos que deixar com a cunhada, para que aprendesse como preparar o complemento alimentar da criança, pois seria impossível ensinar para a mãe embriagada. E junto com tudo isso levamos um abraço carinhoso, um sorriso e o mais importante, a palavra do amor de Deus. Enquanto trabalhávamos os adultos, Luisa falava de Jesus para as dezenas de crianças da região, de forma lúdica, com história, música e brincadeira.

Em outra casa na mesma região, Mandacaru, uma casa melhorzinha, maior, mas também sem água, vi a alegria das pessoas pela nossa presença. Pela possibilidade de terem uma reunião de oração e estudo bíblico. E na hora de despedir, em meio a tanta pobreza eles fazem questão de nos servir um copo de canjica. E o constrangimento me invade, e penso como puderam tirar do pouco que têm para dar para nós que temos muito mais. E reparava na alegria que sentiam em nos servir.

Em outra noite, fomos a uma favela de Anagé onde as meninas se referem carinhosamente como sendo “As Casinhas”. As crianças, cerca de 20, prontas esperando ansiosas pela célula – reunião de oração e estudo bíblico – que ocorre ao lado da casa onde tem a de adultos. Depois, tem o cafezinho, eles sempre educados, mesmo com tanta falta.

IMG_3286Sexta-feira à noite fomos para Mosquito, a 9km de Anagé. Reunimo-nos onde antes era um buteco e o dono de lá pedia a Deus que mandasse ajuda para mudar a vida daquelas pessoas e levar água para a região. Deus atendeu seu pedido e mandou o pastor Eliabe, e por causa de sua ida para lá dois amigos, irmãos da IBC, construíram um poço artesiano. Isso mudou a vida das pessoas naquele local. Sob o céu estrelado louvamos a Deus por seu amor e cuidado por aquelas pessoas.

Além das visitas e das células – que são várias, só citei algumas –, ainda tem o Projeto Gol, que trabalha futebol com as crianças e no fim do mês um olheiro vai até lá ver se acha um futuro craque na região. Outro trabalho muito interessante é com arte circense. Criatividade é o que não falta.

Com tanta carência eles sabem otimizar recursos e aproveitar ao máximo tudo o que têm para fazer o melhor para levar ajuda e o amor de Deus para cada pessoa. E diante de quem larga tudo o que tem, o conforto, a família, os amigos para se dedicar de corpo e alma a Deus e ao próximo que nem conhece, percebemos o quão pouco fazemos.

Isabela Teixeira da Costa

 

Casos de família

Minhas tias Tereza Diniz e Ló Hardy, todas duas Teixeira da Costa de nascença
Minhas tias Tereza Diniz e Ló Hardy, todas duas Teixeira da Costa de nascença

Histórias de família são ótimas. Casos que nem acreditamos que pode acontecer algum dia.

Já disse aqui que temos um grupo de WhatsApp das primas da família Teixeira da Costa. São mais de 60. No dia que estão animadas a conversa vai longe e quando resolvem contar casos… Damos boas risadas. O último fim de semana foi um desses dias.

Uma de minhas tias, Luzia (mais conhecida como Ló), casada com o arquiteto Raphael Hardy – infelizmente todos dois já se foram –, morava em uma casa enorme na subida da Avenida Álvares Cabral. Eu era pequena, mas lembro que íamos muito lá. A casa vivia de porta aberta, nem sei para que tinha porta. Portão da rua ficava aberto e tínhamos que subir uma rampa para chegar na casa, que também ficava com a porta aberta. Aberta mesmo, não era destrancada.

Era um entra e sai de gente da manhã à noite, ou melhor, 24 horas. Acho que foi o primeiro serviço 24 horas da cidade. Eram várias salas e todas sempre estavam cheias de pessoas alegres conversando e bebendo, música tocando. Eram quatro filhos grandes: Veveco, George, Eliane (a Laninha) e Maria Elisa (mais conhecida como Bite). E o Toninho que regula comigo em idade, somos bem mais jovens que os outros. Todos se reuniam lá com seus amigos, então dá para imaginar a farra que era.

A mesa do café da manhã só era retirada na hora de servir o almoço, que só saía para ser colocado o lanche da tarde, que era trocado pelo jantar e que dava lugar para outra mesa de quitutes para a madrugada. Todo mundo que chegava se assentava, comia, bebia, se fartava e continuava ali, batendo papo e se divertindo. A família era festeira. E chegavam os irmãos da Tia Ló com as famílias e completava o furdunço.

Certa vez, entrou um homem e assentou na mesa, a empregada da casa serviu a ele o almoço, comeu até sobremesa e depois pediu a conta. Ninguém entendeu nada. Disse que viu tanta gente entrando e saindo que pensou que era restaurante. Todo mundo caiu na gargalhada. Não duvido nada que depois dessa, ele tenha se tornado amigo da família

Assim era a casa da minha Tia Ló.

nash
o Dragão Nash

Tem outro caso ótimo. A família tinha um Nash verde, um carro enorme, onde cabiam até 10 pessoas. Por causa da cor e do tamanho foi apelidado de Dragão. Segundo Bite, era o único da cidade e quando passava todo mundo sabia quem era. Minha tia Ló dirigia sem carteira – acho que era normal, minha mãe, naquela época, também costumava fazer isso –, e como o carro era muito comprido, sempre que precisava estacionar pedia ajuda para alguém, inclusive em uma das vezes foi para um guarda de trânsito. E ele ajudou.

Veveco
Veveco Hardy

Meu primo Veveco, Álvaro Hardy – arquiteto dos bons, como o pai. Foi-se cedo, mas deixou muitos amigos, cozinhava muito bem e por causa disso foi homenageado pelo Clube da Esquina com a música Veveco panelas e canelas, de Milton Nascimento, Tavinho Moura, Chico e Fernando Brant –, certa vez saiu com o Dragão. Emprestou o carro e nunca conseguiu lembrar para quem. O “honesto” nunca mais devolveu e foi o fim da era Nash na família Teixeira da Costa Hardy. Agora me expliquem: como alguém empresta um carro e não lembra para quem??? E se era o único da cidade e todo mundo reparava, como ninguém mais viu o tal carro??? Coisas de Veveco.

Em uma das vezes que meu tio saiu com o carro cheio de crianças – época de Carnaval –, deveria ter mais de 15 lá dentro, um transeunte viu, não agüentou e falou alto: “e o arroz custando Cr$ 15,00 o quilo…” . Devia ser muito divertido.

opalaMeu pai nunca foi dado a saber combinar bem as roupas. A vida inteira, enquanto tomava banho, minha mãe colocava sobre a cama o terno, camisa, gravata, meias e até o sapato que ele deveria usar. Se ela não fizesse isso o resultado seria desastroso. Quando queria comprar carro, ou trocar o carro, a família ia junto para escolher o novo veículo, porque senão escolheria a prior cor do mercado. Uma única vez, ele, em surdina, foi trocar o carro. Chegou feliz, chamou todo mundo para ir à garagem do prédio. Quando chegamos lá foi um choque. Tinha comprado um Opala SS coupe verde limão com listras pretas. Brigamos muito com ele, mas não tinha o que fazer, a não ser apelidar o carro de periquito. Ninguém queria sair com ele de tanta vergonha.

Tia Ló sempre foi muito parecida com sua irmã mais nova, Tia Tereza. Ló, casada com Raphael Hardy e Tereza, com José Sotero Diniz. Um dia, um senhor, vizinho de Tia Tereza, viu Tia Ló e Tio Hardy no lobby de um hotel. Este senhor ficou igual leão enjaulado andando de um lado para o outro. Não tirava os olhos de meus tios até que não se agüentou e de forma muito austera aproximou-se de minha tia e cumprimentou: “Boa tarde, D. Tereza, como vai o Dr. José Sotero?”, Tia Ló não se fez de rogada, respondeu na mesma moeda: “Boa tarde, vai muito bem, obrigada!”. Colocou minha outra tia em uma situação bastante delicada. O tal senhor deve ter morrido achando que José Sotero tinha sido traído. Não sei se algum dia Tia Tereza teve oportunidade de desmentir o ocorrido para seu vizinho.

E por aí seguem os “causos” da família. Depois conto mais.

Isabela Teixeira da Costa

O que não se faz por amor

Cruzeiro do Roberto Carlos
Cruzeiro do Roberto Carlos

Até onde vai um parceiro para satisfazer os desejos de sua cara metade?

Não me entendam mal nem deixem sua imaginação te levar para o lado mais picante de um relacionamento. Estou falando de questões bem mais práticas e cotidianas de uma vida a dois.

Tenho uma amiga, casada, que faz todas as vontades de seu marido. Vocês podem pensar: “O que tem demais nisso?” Realmente, nada demais, quase toda mulher procura atender os desejos do marido, e vice-versa. Faz parte de um casamento.

Se o marido gosta de café da manhã com mamão, café mais forte, pão de sal, presunto, manteiga, suco de laranja, ovos mexidos e o jornal ao lado, para ler logo de manhã, a esposa não deixa faltar nada. Procura fazer no almoço o cardápio preferido, passa a sua camisa como ele gosta, e por aí vai.

Mercedes
Mercedes

Tem maridos que presenteiam suas mulheres com joias porque sabem que elas gostam e querem agradá-las. Normal. Outros casais optam por fazer viagens, sempre escolhendo lugares que agradem aos dois, ou então alternam, a cada viagem um escolhe o destino.

Porém, com essa minha amiga tudo acontece de maneira bem unilateral e foi tomando uma proporção tão exagerada que chegou num ponto que achei um pouco absurdo.

Seu marido quis ir para o Japão assistir ao jogo do Corinthians, ela deu a viagem de presente e lá foram os dois. Tudo bem, conheceram o Japão, mas assistir futebol?! Para informação geral, eles não são paulistas.

Depois, ele quis fazer o Cruzeiro do Roberto Carlos. Lá foram eles. Ela não gostou muito. Eu ia adorar – sou fã do rei e amo viajar de navio –, mas para ela foi um pouco de suplício, preferiu conhecer o Oriente.

camaro
Camaro

Bico fino como ele só, quis um carro novo, uma Mercedes. Ganhou. Depois de um tempo, quis tocar por um Camaro. Trocado.

Não questiono tudo o que ela faz por ele. Se faz é porque deve merecer, e em vida de casal só os dois é que sabem o que se passa, o que cada um faz pelo outro, o que cada um merece e retribui. Dentro de quatro paredes a vida é íntima.

O banheiro
O banheiro

Sabia que estavam reformando a casa, resolvi perguntar como ficou e foi nessa hora que ela me disse: “o banheiro do meu quarto ficou lindo, mas meu marido quis um mictório, tentei tirar isso da cabeça dele, mas pediu tanto que decidi satisfazer mais esse desejo”. Não aguentei. Um mictório igual ao de banheiro público na suíte do quarto… Fiquei imaginando a cena. Ri muito e debochei bastante. Chamei-a de louca, disse que passou dos limites.

Minha amiga não deu o braço a torcer, me mostrou uma foto, disse que ficou lindo, que foi um alívio porque não tem mais respingos no vaso sanitário. Socorro!!! Já fui casada e nunca enfrentei respingos de marido em banheiro. Se aconteciam, ele limpava. Questão de educação. Perguntei na hora: “Não educou seu marido? Não o ensinou a limpar?”, mas ela continuou defendendo e ainda disse que existem mictório caríssimos, com descargas com sensores, mais caras ainda.

Espera um pouco, quer dizer que se o mictório for de luxo, pode? Então vamos colocar um trambolho em nossos banheiros e achar lindo porque é de luxo??? Essa para mim foi a melhor. E completou: “A vendedora da loja disse que tem muita gente fazendo isso”.

Sinceramente, conheço inúmeros arquitetos e decoradores, visito várias mostras e nunca vi nem ouvi falar sobre mictório em residências. Abro aqui o debate: homens, vocês gostariam de mictório em seus banheiros? Profissionais, vocês são demandados para colocar mictórios nas casas de seus clientes?

Só quero ver qual será o próximo desejo desse marido tão criativo.

Isabela Teixeira da Costa

Ser mãe

imageSer mãe! Hoje é Dia das Mães.

Não poderia deixar passar em branco essa data. Primeiro, porque sou filha; segundo, porque sou mãe e terceiro, porque acho esta homenagem mais do que justa e merecida.

Amo a minha mãe e sempre nos demos muito bem. Passei quase toda a vida ao lado dela. Moramos juntas várias vezes. Saí de casa no dia em que me casei. Voltei para casa quando me separei e foi ela quem ajudou a criar minha filha. Só nos separamos quando decidiu morar no sítio. Mas não cansa de me chamar para ir pra lá.

Ser mãe é uma função abençoada por Deus, se não fosse por ele, não teríamos filhos. Nos enche de felicidade, amor, alegria, preocupação, trabalho e culpa. Nunca me senti tão feliz quanto no dia em que soube que estava grávida, parecia que ia explodir. Deste dia em diante, começou um amor inexplicável dentro de mim que só cresce a cada dia. Quando acho que já está enorme, aumenta mais um pouco. Acredito que só as mães entendam isso. Propriedade exclusiva materna!

Alegria tive e ainda tenho em vários momentos com minha filha, e preocupação também. Acredito que continuarei a ter pelo resto da minha vida. Sei que Deus está cuidando dela, pois já a entreguei nas mãos dele, mas mãe preocupa se chega tarde, se não dá notícia, se a voz está diferente quando fala ao telefone…

Culpa sempre senti por causa do excesso de trabalho que me ocupou dias e noites fora de casa quando ela era pequena, e até alguns dias em finais de semana. Ainda ocupa. Minha filha soube superar isso, eu não. Hoje, quando me pede algo que não posso atender, sofro muito…

Educar filho é tarefa difícil. Creio que minha mãe fez um bom trabalho e eu também. Como consegui? Não sei. Acho que pela misericórdia de Deus. Certo dia estava com uma grande amiga da minha mãe, Helena de Castro. Luisa estava comigo. Não lembro direito o que Luisa fez, mas Helena disse: “Como ela é educada!”. Caí na gargalhada, e respondi: “Pegou!”. Vi que tinha feito alguma coisa certa, porque Helena sempre foi muito exigente e observadora.

Acho lindo as mães de coração, aquelas que por algum motivo não puderam ter filhos e optaram por adotar uma das tantas crianças que são abandonadas. Mês passado uma amiga, que aguardava há anos na fila, recebeu seu filho. Ficou numa alegria só. Vai apresentar a criança para as amigas na próxima semana. A família toda foi afetada de forma positiva. O amor inundou a todos.

Este pode ser o último dia das mães que passo com minha mãe e com minha filha. Meu coração está apertado. Com mãe, porque ela já está com 89 anos. Apesar de frágil, está com ótima saúde, mas sei que a idade conta. Com minha filha, porque está partindo para realizar seu sonho: ser missionária. Vai com a minha benção e a de Deus, que é a principal.

Talvez, essa seja a maior e mais difícil tarefa de mãe, criar um filho para o mundo. Minha única filha, querida, amada, amiga, companheira vai fazer o trabalho que o Senhor quer, com um sonho no coração de que eu a acompanhe. Porém eu ficarei aqui, cumprindo o meu papel de filha, pois sei que minha mãe precisa de mim. Cada uma, seguindo o seu caminho, enquanto for preciso.

Feliz Dia das Mães, a todas as mães!

Isabela Teixeira da Costa