Gordinhas em alta

Ilustração Lelis
Ilustração Lelis

Depois de enfrentar preconceito, desprezo e bulling, pode-se dizer que as gordinhas estão conquistando o seu espaço.

Hoje, as modelos plus size pisam na passarela ao lado de tops magras, sem nenhum problema. Tem até Miss Plus Size – ela é linda. As pessoas mais cheinhas estão se assumindo como são. Atrizes com sobre-peso têm conquistado papeis de destaque na TV, obtendo ótima aceitação do público – e não apenas em programas de humor. Quando entram na sátira, libertam-se de qualquer censura, vestem shortinhos e maiôs na maior tranquilidade. Porém, isso não significa que o bulling acabou, nem que os homens, na balada, prefiram olhar para a gordinha em vez da magrinha. Com certeza, há mudança de comportamento e, principalmente, na autoestima dessas pessoas. As mulheres vêm se aceitando fora do padrão ditado pela sociedade. Aprendendo a se amar como são, com dois, cinco, 10 ou 20 quilos a mais.

E isso é muito bom. Enxergar a beleza em si mesma, independente do que o outro quer é maravilhoso. Quem consegue merece um prêmio. A felicidade não depende de quem está ao lado, mas de nós mesmos. Devemos estar bem conosco, o que vier é complemento, algo a mais. Essa aceitação, esta autoestima elevada, acabou afetando vários segmentos da sociedade. Há alguns anos, a moda para pessoas acima do peso era feia, careta, só víamos roupas para pessoas mais velhas, matronas. Atualmente, várias grifes capricham na linha que vai do 38 ao 50. O que muda são pequenos detalhes, como o comprimento da saia, mangas que se incorporam ao modelo, decotes, pois pessoas com sobrepeso preferem esconder um ou outro defeitinho. É possível se vestir bem e na moda, ficar elegante e transada com numeração acima do 46. Há várias lojas especializadas. É um alívio.

Há algum tempo, em São Paulo, é realizado o Fashion Week Plus Size (FWPS), o maior evento de moda GG do país. A edição dedicada ao inverno de 2016 será realizada em 6 de março, na capital paulista. O evento reunirá marcas especializadas – aliás, aí está um dos segmentos da moda que mais cresce no país e pode ser muito explorado. Afinal, pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada em 2015, informa que mais de 50% da população brasileira está acima do peso ideal.

Durante o FWPS, há vários desfiles. Profissionais do mundo fashion já pensam em promover evento semelhante aqui em Belo Horizonte, o que seria bem interessante, pois temos um bom número de marcas que produzem moda plus size de ótima qualidade, tanto em estilo quanto em modelagem e estamparia.

Porém, um aspecto não se pode ignorar: estar acima do peso e se aceitar assim é diferente de passar do limite e chegar na obesidade exagerada, nem digo mórbida. Há uma linha tênue que, ultrapassada, leva a pessoa a cruzar perigosamente o limite da saúde. Obesidade exagerada traz problemas como glicose alta, diabetes, colesterol, distúrbios de pressão e coração, além de insuficiêncial respiratória, problemas no joelho, na coluna e de circulação. Enfim, quando a pessoa resolve se conscientizar da gravidade da situação, o caldo já entornou. O que era autoestima elevada vira doença.

Aí vem o outro lado da questão: pessoas que não aceitam seu peso, mas não conseguem se manter magras, se tornam reféns do efeito sanfona, optando pela cirurgia bariátrica. Em caso de obesidade móbida, é a salvação da lavoura. Com a perda de peso, pode-se dar tchau ao diabetes, colesterol alto, pressão alta e tantos problemas. Mas o risco vem quando se usa essa cirurgia como solução estética, sem indicação correta. Fica aí o alerta. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura, 4/2/16, na coluna da Anna Marina

  • Isabela,tenho acompanhado suas crônicas e reportagens.Vc está de parabéns.Temas de utilidades e modernos…Continue assim…

Comentários