Encontro de amigas, casos inusitados

Em um fim de semana de reunião de amigas o que não falta é boa conversa e casos, no mínimo, inusitados.

Tenho um grupo de amigas, muito bacana. Somos 15 ao todo e nos chamamos Lindinhas, pelo simples fato de que todas nós somos lindas mesmo. Apesar de estarmos muito bem na fita no quesito estético, o termo se aplica a outra beleza, há algo muito mais profundo, aquela beleza que você vê no outro quando convive. Todas nós esbanjamos essa lindeza interna – e me incluo, sem falsa modéstia – e o nome do grupo, que talvez muita gente pense de forma pejorativa e até dê uma debochadinha, representa essa riqueza que só quem é amigo vê no outro.

Explicações dadas, decidimos passar este final de semana em Escarpas do Lago, na casa de uma das amigas. Infelizmente nem todas puderam vir. Combinar agenda de 15 mulheres, todas elas profissionais, mães de família, a maioria casada, não é tarefa fácil. Mas dez guerreiras conseguiram abrir espaço na sua agenda e vieram.

Desde a hora de pegar estrada até agora pela manhã, só paramos de conversar na alta madrugada quando fomos dormir. E estamos quase tendo que distribuir senha para ver quem fala, porque tem hora  que umas cinco falam ao mesmo tempo. Temos que ficar igual operador de bolsa de valores, escutando tudo ao mesmo tempo, para conseguir acompanhar todas as conversas, porque a curiosidade impera.

Ontem, tive que falar com uma das Lindinhas, que é prá lá de educada, que ela vai ter que abrir mão de tamanha finesse. Toda vez que ia falar alguma coisa, se alguém falasse um A, ela se calava. Não aguentei e disse que ela tem que enfrentar a mulherada e continuar falando, porque a disputa tá feia.

Em meio a tanta conversa, umas sérias, outras bem banais, um caso muito engraçado, curioso e interessante foi contado e como envolve o jornal Estado de Minas, não posso deixar de registrá-lo aqui.

Uma das minhas amigas fez decoração da Fuma. Quando era estudante, tinha comprado um óculo com lente azul clara, modelo antiguinho, muito fofo. Era o “must” na época. Amava a peça e fazia o maior sucesso com ele.

Certo dia pegou carona com uma colega até a Avenida Amazonas com Avenida do Contorno, onde desceu rapidamente do carro e pegou um taxi para ir para sua casa. Chegando em casa, percebeu que estava sem seu querido óculos. Ela tinha mania de deixar as coisas no colo e com certeza o “queridinho” tinha caído na rua, na baldeação entre os dois carros.

Ficou numa chateação só e foi quando teve a ideia de colocar um pequeno anúncio no caderno de Classificados de domingo do jornal Estado de Minas. “Perdi meus óculos. Perdi um óculo azul claro modelo antigo, etc, etc”. E colocou seu telefone fixo. Estamos falando do final da década de 1970, inicio de 1980. Ou seja, não existia telefone celular.

Contou para as colegas e foi a maior gozação. Todo dia elas perguntavam, entre gargalhadas, se os óculos haviam sido encontrados. Mais de 20 dias depois. Ela recebeu uma ligação de uma mulher perguntando se era ela quem tinha perdido os óculos. Claro que ela não acreditou. Jurava que era uma amiga ou alguma prima passando um trote, mesmo assim, respondeu positivamente.

Pois a mulher continua falando. Que seu marido era motorista do caminhão de entrega da Coca-Cola e tinha uns óculos azul no porta luvas do caminhão. Passou o endereço e ela foi buscar. Chegando lá, deu de cara com seu amado objeto. Abraçava a dona e chorava de alegria.

Mesmo em meio a tanta emoção, a curiosidade falou mais alto e perguntou como a senhora tinha visto  o anúncio. “Fui lavar o chão da minha cozinha e forrei com o jornal, olhei para o chão e o anúncio se destacou e chamou minha atenção a frase ‘perdi meus óculos’, aí li o anúncio e lembrei da peça que tinha visto no caminha. Só poderia ser ele.”

Quando ela chegou na faculdade com os óculos, ninguém acreditou. Se fosse caso de novela as pessoas diriam que era mentira. O Classificados Estado de Minas funciona mesmo!

Isabela Teixeira da Costa

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